Não 28, mas sim 17 anos depois, os fãs de terror tiveram uma alegria quando finalmente foi mostrado ontem o trailer de Extermínio: A Evolução. A muito esperada terceira parte do filme de zumbis de Danny Boyle e Alex Garland demonstrou que a equipe continua em forma com um dos avanços mais impactantes do ano.
No centro disso está o uso do som. A montagem se afasta astutamente de técnicas desgastadas para apostar em uma narração como fio condutor do trailer. Esta inquietante gravação é real. Chama-se Boots e é uma versão gravada em 1915 de um poema de Rudyard Kipling. A narração, recitada por Taylor Holmes, foi respeitada intacta desde sua versão de há mais de um século. Como prova, neste vídeo você pode ouvir um vinil original em funcionamento.
Há algo profundamente perturbador neste áudio, e não é acidental. O poema original tratava sobre o exército britânico em território africano durante a Segunda Guerra dos Bôeres. Sua cadência, fria e repetitiva, evoca o ritmo da marcha da infantaria, e seus tétricos versos aludem à inevitabilidade dos soldados perdendo a compostura diante dos horrores da guerra. A narração de Holmes que ouvimos no trailer não faz mais que magnificar essa sensação, interpretando-a quase como uma transmissão de guerra radiofônica, que vai se tornando mais e mais intensa.
O curioso é que, embora tenha sido concebido para o exército britânico, este áudio teve um uso real no exército americano, especificamente no SERE (as forças de Sobrevivência, Evasão, Resistência e Fuga), corpo focado no retorno para casa em territórios hostis, e onde se contempla a tortura por parte do inimigo como cenário para o qual se preparar. Testemunhos de militares revelam que a narração era usada em testes de treinamento, onde os aspirantes tinham que escutá-la repetidamente em loop, trancados em um quarto pequeno. Em suas memórias, o Navy Seal aposentado Brandon Webb mencionou que era o "treinamento mais intenso que havia experimentado".
O militar é fundamental na saga zumbi de Boyle e Garland
Embora o enredo da nova parte continue sob sigilo, com escassos detalhes revelados durante todo este tempo, é razoável imaginar que o militar terá uma forte presença no novo filme. Tanto no original de 2002 quanto em sua sequência, Extermínio 2, retratam o desespero e as consequências de se encontrar em um estado militar falido.
Com uma nova trilogia para abordar, parece claro que Garland tem algo em mente para expandir as ideias originais que ele mesmo propôs há mais de vinte anos. No novo trailer, as imagens parecem sugerir um novo estado militar plenamente funcional dividido em papéis, e em uma entrevista Garland mencionou que a passagem do tempo era fundamental na nova história, sugerindo que o que vemos pode não ser um futuro pós-apocalíptico tradicional, mas "algo novo que começou a se manifestar".
*Conteúdo Global do AdoroCinema
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