Com a máxima discrição, a Netflix lançou no último dia 22 de novembro o drama Piano de Família, uma adaptação da peça escrita por August Wilson. O dramaturgo foi um dos autores que mais escreveram sobre a condição dos negros nos EUA e, nesta peça multipremiada, incluindo um Prêmio Pulitzer, ele examina as consequências da escravidão nas gerações seguintes.
O filme nos leva a Pittsburgh em 1936, onde, após a Grande Depressão, a família Charles está morando na pacata casa do patriarca Doaker (Samuel L. Jackson). A casa abriga um piano de madeira, transmitido de geração em geração, divide opiniões e gera conflitos ferozes entre os irmãos.
De um lado, Boy Willie (John David Washington) quer vender o instrumento para aumentar a fortuna da família e comprar as terras onde seus ancestrais trabalharam como escravizados. Do outro, sua irmã Berniece (Danielle Deadwyler) quer mantê-lo, já que na peça está talhada a história e os rostos de seus antepassados.
A família Washington no comando
Denzel Washington conhece muito bem as obras de Wilson. Em 2016, ele levou uma das peças do dramaturgo, Um Limite Entre Nós, para as telas, estrelando ao lado de Viola Davis, cujo trabalho lhe rendeu um Globo de Ouro e o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante. Em 2020, eles se uniram novamente em outra adaptação lançada na Netflix, A Voz Suprema do Blues, na qual Davis foi a protagonista e Washington o produtor.
Dessa vez, Denzel também foi produtor de Piano de Família. Ele convocou aqueles que estrelaram a peça na Broadway, como Samuel L. Jackson, Ray Fisher (Liga da Justiça) e seu filho mais velho, John David Washington (Tenet, Infiltrado na Klan). Suas filhas Olivia e Katia Washington juntaram-se a ele como produtoras, e Malcolm Washington, seu outro filho, ficou encarregado da direção.
Além de seu irmão e de Samuel L. Jackson, Malcolm também dirigiu Corey Hawkins (Straight Outta Compton) e Danielle Deadwyler (Till - A Busca por Justiça).
A caminho do Oscar?
É muito difícil julgar Piano de Família se você não estiver acostumado com esse tipo de cinema. Malcolm Washington filma esse drama familiar como uma peça de teatro, girando em torno dos atores e concentrando a ação em um cômodo principal: a sala de estar, onde se encontra o objeto de discórdia, o piano.
Algumas cenas carecem de um pouco de luz para torná-las legíveis e nossa atenção pode se desviar às vezes, apesar de uma reviravolta fantástica e bem-vinda. Mas vale a pena assistir pelas atuações, principalmente a de Danielle Deadwyler, que tem grandes chances de ser indicada a todas as principais cerimônias de premiação no futuro.
Também vale muito a pena assistir à única cena musical do filme, com as vozes de John David Washington, Ray Fisher e Samuel L. Jackson. Será que Piano de Família conseguirá encontrar seu público no Brasil? Não podemos ter certeza, mas ele pode ser um sério candidato ao próximo Oscar.
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