Com tantos anos de história do cinema e com a quantidade inabarcável de filmes cujos enredos, reviravoltas e até diálogos se tornaram parte da cultura popular, cada vez é mais difícil para os criadores surpreender os espectadores. Sem dúvida, um bom roteiro é tudo e são muitos os roteiristas talentosos que continuam nos proporcionando grandes histórias até hoje, mas muitas vezes nos perguntamos se certas reviravoltas que um dia tornaram um filme grandioso teriam conseguido fazê-lo hoje em dia.
Teríamos suspeitado que o personagem de Bruce Willis era um fantasma se tivesse estreado em 2024? Não teríamos identificado o misterioso planeta do primeiro Planeta dos Macacos como a Terra?
Frequentemente nos referimos a eles pela forma como são conhecidos em inglês, mas o termo "plot twist" sempre existiu e, se pensarmos bem, nossa experiência como espectadores se transformou em aprendizado.
Entre alguns dos plot twists históricos que talvez tivéssemos previsto hoje em dia, há alguns exemplos curiosos: os de filmes que, como aconteceu há 27 anos com este excelente thriller de David Fincher, davam uma pista bastante importante sobre o final do filme em seu próprio título. A pergunta é: teria funcionado em 2024?
Há cineastas que gostam muito de "brincar" com os espectadores e entre eles está David Fincher, um verdadeiro especialista em reviravoltas e revelações finais impressionantes, diante do qual agora jogamos com vantagem após títulos como Seven - Os Sete Crimes Capitais ou Clube da Luta, mas que em 1997 também conseguiu nos surpreender com um de seus melhores suspenses que não é tão conhecido pelo grande público como os anteriores.
Protagonizado por um excelente Michael Douglas, Vidas em Jogo (The Game) é um filme emocionante e verdadeiramente surpreendente, que não para de surpreender o espectador o tempo todo e que, nesse sentido, faz jus ao seu título de mil maneiras.
O título já havia nos dito tudo
Como lembrete, Vidas em Jogo segue as desventuras de Nicholas Van Orton, um homem de negócios solitário e melancólico cujo presente de aniversário é se inscrever em um jogo personalizado, inventado pela misteriosa empresa CRS. Inicialmente irritado com os numerosos formulários que a empresa lhe pede para preencher antes que possa começar o jogo, Nicholas se sente quase aliviado ao saber que sua inscrição não foi aceita.
Mas quando começam a ocorrer eventos inquietantes ao seu redor, e quando descobre que está sendo constantemente espionado, ele faz de tudo para escapar do que cada vez mais parece uma conspiração contra ele. Após uma tentativa de assassinato, o roubo de suas contas bancárias e ser enterrado vivo, entre outros infortúnios, o protagonista tem mais certeza do que nunca de que isso é tudo menos um jogo, mas...
...Mas, se ele soubesse o nome do filme do qual era protagonista, talvez Nicholas pudesse ter adivinhado a extraordinária reviravolta final que o aguardava: levado ao limite, o protagonista acaba se jogando no vazio do alto de um prédio para aterrissar inexplicavelmente em uma estrutura inflável, entre aplausos estrondosos.
E é que, como Fincher já nos havia contado no título de seu longa-metragem desde o início, tudo era apenas um jogo. Um jogo gigantesco e incomensurável, multimilionário, que supostamente lhe devolveria o gosto pela vida.
E obviamente, assim como Nicholas, absolutamente todos nós nos deixamos enganar.
*Conteúdo Global do AdoroCinema
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