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    Festival do Rio 2024: Avenida Beira-Mar, o último filme de Emiliano Queiroz, coloca a amizade e as vivências trans no centro da narrativa (Entrevista Exclusiva)
    Júlia Barbosa
    Júlia Barbosa
    Criada no palco, sempre foi movida pela arte. Defensora ferrenha de Crepúsculo e Ricardo Darín, fala pelos cotovelos sobre as histórias que vemos nas telas e nos bastidores.

    A comédia dramática conta com Andréa Beltrão e Isabel Teixeira no elenco.

    O Festival do Rio proporciona muitos momentos incríveis por causa do cinema. Um deles é ver duas salas cheias aplaudindo o primeiro longa-metragem de jovens cineastas. Avenida Beira-Mar, de Maju de Paiva e Bernardo Florim, estreou no último sábado (5) e conta a história de uma amizade comovente e adorável.

    O AdoroCinema esteve na pré-estreia que aconteceu no Estação NET Gávea, e conversamos com a dupla de diretores, além das protagonistas Milena Gerassi e Milena Pinheiro, renovando o papo que tivemos durante as gravações do filme, no ano passado, em Niterói. As fantásticas Andréa Beltrão e Isabel Teixeira completam o elenco principal.

    Avenida Beira-Mar conta a história de Rebeca, uma menina que se muda com sua mãe para a antiga casa da família na orla de Piratininga. Sem poder sair de casa, ela vive só atrás dos muros até conhecer Mika, que mergulha no mar e anda de patins na rua. As duas constroem uma amizade enquanto entendem suas próprias identidades. Rebeca nasceu no corpo de uma menina, enquanto Mika luta para ser reconhecida como uma.

    Longa de estreia de Maju de Paiva e Bernardo chega no Brasil já premiado

    Viralata/Elo Studios/Telecine

    A produção faz parte da seleção da Premiére Brasil do Festival do Rio 2024 e é concorrente da Mostra Competitiva Novos Rumos, dedicada aos novos talentos do cinema brasileiro. Mas, antes de fazer sua estreia nacional, o filme coproduzido pela VIRALATA, Elo Studios e Telecine desembarcou primeiro no México. Sob o título internacional “Seaside Avenue”, Maju e Bernardo conquistaram o troféu de Melhor Direção no Festival Internacional de Cinema de Guadalajara.

    “Acho que ganhar um prêmio foi a maior de todas as emoções nesse processo, porque a gente não esperava. Nós chegamos no México praticamente sozinhos, sem expectativa nenhuma e fomos pegos de surpresa. Agora estar aqui no Festival do Rio é uma emoção muito grande, porque já faz 10 anos que eu frequento o festival e estar com um filme aqui é uma coisa imensa”, reconhece a diretora.

    Em Guadalajara, o longa também recebeu menção honrosa no Prêmio Maguey, que reconhece produções que dão luz às narrativas LGBTQIAPN+, algo de suma importância na trama. Mika não se identifica com o gênero que lhe é imposto, ao tentar reafirmar sua identidade, ela enfrenta a rejeição dos pais e a violência dentro e fora de casa.

    Avenida Beira-Mar equilibra a seriedade e a doçura

    Viralata/Elo Studios/Telecine

    Para Gerassi, que é uma menina trans, “a transfobia é escancarada” na história e ainda há certas nuances que valem a reflexão: “Muitas vezes quando falam sobre uma criança trans perguntam ‘Ah, mas e os pais?’. Acho que o filme tem uma saída para os pais e mostrar que o que eles enxergam [na criança trans] é somente um ser humano”.

    Além das questões de gênero, Pinheiro também explica outras formas que o preconceito está presente no roteiro de forma crítica: “Eu acho que está no filme de uma maneira bem clara, mas as pessoas deveriam prestar atenção nos momentos que ele [o preconceito] aparece velado, escondido na forma de opiniões”, defende.

    As duas Milenas concordam que a mensagem principal do filme é que, apesar dos rótulos e problemas, o que prevalece é a amizade e o desejo de ser quem é de verdade. Avenida Beira-Mar retrata, sim, o sofrimento das vivências de pessoas, sobretudo crianças, transgênero, mas também põe em evidência, a leveza e a doçura que fazem parte da vida e das amizades.

    Maju de Paiva também ressalta a beleza e o afeto da relação entre as três protagonistas. A personagem de Andréa Beltrão, Marta, a mãe de Rebeca, serve como um alicerce para a filha e para sua nova amiga. Mesmo apesar dos receios e dúvidas, ela faz questão de acolhê-las e protegê-las.

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    Um dos momentos mais doces do filme é o diálogo que Mika divide com um senhorzinho interpretado por ninguém menos que o ator Emiliano Queiroz: “A cena do Emiliano é brilhante, está linda e quem ver vai se lembrar da potência daquele artista”, destaca Bernardo. Avenida Beira-Mar é o último filme do ator que faleceu na semana passada, aos 88 anos.

    Avenida Beira-Mar está em exibição no Festival do Rio 2024 e ainda não tem previsão de lançamento nos cinemas.

    Avenida Beira-Mar
    Avenida Beira-Mar
    Criador(es): Maju de Paiva, Bernardo Florim
    Com Andréa Beltrão, Isabel Teixeira, Milena Pinheiro

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