Ainda Estou Aqui está na corrida pelo Oscar e promete ser um grande sucesso. Dirigido por Walter Salles e protagonizado Fernanda Torres e Selton Mello, o longa explora a história de Eunice de Paiva, uma grande combatente da ditadura militar brasileira. Mas afinal, quem foi essa mulher para além do título de mulher de Rubens Paiva e mãe de Marcelo Rubens Paiva?
História de Eunice Paiva
Maria Lucrécia Eunice Facciolla Paiva nasceu em São Paulo em 1929 e se tornou amiga da escritora Lygia Fagundes Telles. Ela passou em primeiro lugar na Universidade Mackenzie para cursar Letras e casou cedo com Rubens Paiva, em 1952, cinco anos depois de se conhecerem. Com o engenheiro e deputado federal pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) teve cinco filhos: Marcelo Rubens Paiva, Vera Sílvia Facciolla Paiva, Maria Eliana Facciolla Paiva, Ana Lúcia Facciolla Paiva e Maria Beatriz Facciolla Paiva.
Relação com a Ditadura Militar
Após o golpe militar, em 1965, ela e sua família enfrentaram um período de grande instabilidade e deixou São Paulo para morar no Rio de Janeiro. Em 20 de janeiro de 1971, Rubens Paiva foi levado pela polícia e, em seguida, os militares prenderam Eunice por 12 dias nas dependências do Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi) para ser interrogada.
Seu marido nunca mais voltou e ela seguiu questionando as autoridades sobre o seu paradeiro. Como resposta, ouviu que ele havia sido sequestrado por desconhecidos, fugido para Cuba, entre outras mentiras.
Mais tarde, com sua busca pelo seu parceiro de longa data, acabou se tornando um verdadeiro símbolo da luta pela abertura dos arquivos sobre as vítimas do Regime Militar, ao lado de grandes nomes, como a estilista Zuzu Angel, Crimeia de Almeida, Inês Etienne Romeu e Cecília Coimbra.
Ao se formar em Direito para obter Justiça pelo que ela e sua família passaram, ajudou a pressionar a promulgação da lei 9.140/95, que reconhece as pessoas desaparecidas durante a Ditadura, por conta de participação em atividades políticas, como mortas.
Justiça e fim da vida
Em 1996, depois de 25 anos de luta, Eunice conseguiu receber do Estado Brasileiro o atestado de óbito de Rubens Paiva. Anos depois, em 2012, foi descoberta a primeira prova concreta do assassinato do deputado, ao divulgarem uma ficha que comprovava sua entrada em uma unidade do DOI-Codi. Ela, então, desenvolveu Alzheimer e, 14 anos depois, veio a falecer, em 13 de dezembro de 2018, aos 86 anos de idade.
Agora que você sabe mais sobre a história desse grande ícone apagado pela história, vale a pena conferir livros sobre a sua vida e sobre a Ditadura Militar Brasileira para entender a fundo os acontecimentos desse período.
Ainda Estou Aqui, Marcelo Rubens Paiva
A biografia de Marcelo Rubens Paiva conta a história da sua mãe, Eunice Paiva, fazendo um resgate histórico da vida dessa grande ícone do combate à Ditadura Militar Brasileira, passando sobre a sua reinvenção após a viuvez e a busca pela verdade e Justiça a respeito da morte do seu marido.
Passados presentes: O golpe de 1964 e a ditadura militar, Rodrigo Patto Sá Motta
Já esse outro título aqui serve para contextualizar melhor a Ditadura Militar do Brasil. Ele explora o panorama político, social e econômico do período para entender melhor por quê o Regime surgiu graças a um golpe e as consequências disso para um Estado Democrático de Direito.
Cativeiro Sem Fim: as Histórias dos Bebês, Crianças e Adolescentes Sequestrados Pela Ditadura Militar no Brasil, Eduardo Reina
Cativeiro sem fim, por sua vez, reúne relatos de sequestros e desaparecimentos forçados de crianças e adolescentes causados pelos agentes da repressão aos movimentos de resistência à Ditadura. Com o aval do Estado e, muitas vezes, sem nunca entregar a verdade sobre o que, de fato, aconteceu com esses, o livro traz histórias reais de vítimas do regime.
Revolucionários, Bandidos e Marginais nos Cárceres da Ditadura Civil-Militar, Cátia Faria
Por fim, temos este título de Cátia Faria que aprofunda a convivência entre os presos políticos e comuns, durante o cárcere no período da Ditadura Militar. Isso inclui as dificuldades de se relacionar, estratégias de sobrevivência, aproximações e distanciamento físicos entre os grupos e, também, o destaque para os presos políticos no Brasil.
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