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    O que acontece com seu cérebro quando você assiste a um filme? Psicologia explica efeitos de cada gênero cinematográfico na química cerebral
    Diego Souza Carlos
    Apaixonado por cultura pop, latinidades e karê, Diego ama as surpresas de Jordan Peele, Guillermo del Toro e Anna Muylaert. Entusiasta do MCU, se aventura em estudar e falar sobre cinema, TV e games.

    Saiba o que acontece em nosso corpo quando assistimos comédias, filmes de terror, romances e outras produções.

    Há poucos dias falamos sobre como muitas pessoas absorvem histórias cinematográficas a ponto de incorporar elementos-chave dos filmes que assistem. Agora, a ideia é entender como o cérebro de cada um reage quando está diante de uma obra da sétima arte.

    É natural ser responsivo quando se acompanha um longa cheio de estímulos visuais e sonoros, ainda mais quando pensamos em como diferentes narrativas conversam com as nossas emoções, sentimentos e convicções. Assistir a romances, suspenses e thrillers de ação sempre irão evocar alguma manifestação corporal, mas tudo acontece através da conexão cerebral com o que é visto.

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    “Como muitos filmes transmitem ideias por meio da emoção em vez do intelecto, eles podem neutralizar o instinto de suprimir sentimentos e desencadear liberação emocional”, disse Birgit Wolz, psicóloga com foco em filmes como terapia e autora de E-motion Picture Magic. “Ao provocar emoções, assistir a filmes pode abrir portas que, de outra forma, permaneceriam fechadas.”

    O estudo de Birgit Wolz ainda elenca a forma como as respostas se evidenciam nos espectadores para cada tipo de projeto. Em comédias, por exemplo, o riso é apenas a porta para uma sensação de bem-estar. Segundo a pesquisadora, o sistema imunológico reconhece a ação a partir da diminuição do estresse.

    Sony Pictures

    “Rir enquanto assiste a comédias pode aliviar a ansiedade, bem como reduzir a agressão e o medo”, afirma Wolz. “Frequentemente, os clientes conseguem abordar uma solução para um problema com o qual estavam preocupados com menos envolvimento emocional e uma perspectiva nova e criativa depois de assistir a um filme humorístico.”

    Já com filmes de terror, a pesquisa aponta que os fãs do gênero normalmente são fascinados por fortes emoções. “Andar à beira da morte é, de alguma forma, estranhamente, o que os faz se sentir mais vivos”, disse Wolz. A pesquisa deixa um alerta de que provavelmente se alguém está estressado, este tipo de narrativa não deve ajudar muito, já que os níveis de adrenalina e cortisol vão às alturas.

    Paramount Pictures

    Em romances, as manifestações são semelhantes, mas as histórias de amor normalmente diminuem a pressão arterial e são responsáveis por "dar algumas horas de alívio da sua vida", afirma a pesquisadora. “Os erros que os personagens cometem são retratados de forma bem-humorada, edificante e indulgente”, explica.

    O mercado da neurociência

    Paramount Pictures

    Criado por Uri Hasson, da Universidade de Princeton, o termo Neurocinemática é responsável por estudar como o cérebro reage a diferentes produções audiovisuais. Sua pesquisa dispõe um scanner cerebral de fMRI para observar como um grupo responde a diferentes tipos de filmes e isso já se tornou um negócio. “Não podemos substituir o cineasta, mas podemos medir o impacto do que ele fez”, diz o professor no Departamento de Psicologia.

    Com os primeiros resultados, o estudo descobriu que quanto maior o número de pessoas utilizando a mesma parte do cérebro, maior o controle do cineasta sobre a experiência do telespectador. Quando voluntários assistiram um trecho de Bang, You're Dead, de Alfred Hitchcock, cerca de 65% do córtex frontal - espaço normalmente relacionado a atenção e percepção - estava respondendo da mesma forma em todo o grupo.

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    Essa ferramenta pode ajudar estúdios e cineastas a tomarem decisões, já que é possível ver quais as partes do cérebro são ativadas quando a audiência vê determinado ator ou tipo de cena, mostrando um "caminho" para que decisões sejam tomadas. Ron Wright, da empresa de neuromarketing Sands Research, acredita que a tecnologia está "definitivamente impactando a produção televisiva e os comerciais, então é lógico que ela passará para o cinema.”

    A empresa de neuromarketing MindSign tem apresentado essa proposta também com o uso do scanner cerebral de fMRI, como indica Phil Carlsen, cofundador: “Você pode ver qual área do cérebro é ativada quando vê o rosto de Ben Stiller”.

    Warner Bros.

    O executivo também afirma que é possível mapear como cada objeto apresentado na tela entrega um tipo de manifestação corporal. Filmes de terror normalmente demonstram uma atividade na amígdala, enquanto histórias empáticas ativam a insulina. “Se você olhar para um cachorrinho fofo, vemos a ativação da ínsula”, ele diz. “Mas se a cabeça desse cachorrinho explodir, a atividade da amígdala aumenta e a atividade na ínsula cai.”

    A MindSign, inclusive, ajudou a Warner Bros. a montar o trailer final de Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 2 a partir de um grupo que teve as melhores respostas mentais com diferentes edições do vídeo. Ainda existem muitos usos que colocam a

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