Stanley Kubrick, que se via como um Napoleão à frente de seus exércitos durante a produção de seus filmes, era conhecido, entre outras coisas, por seu perfeccionismo absoluto. Totalmente obsessivo, na verdade. Não faltam anedotas sobre atores ou atrizes que quebraram após dezenas e dezenas de tomadas.
A infeliz Shelley Duvall em O Iluminado, que teve que refazer uma cena nada menos que 127 vezes, até que ela desabou. Outra famosa sequência do filme, na qual Dick Hallorann (Scatman Crothers) explica seu dom de clarividência telepática ao jovem Danny Torrance (Danny Lloyd), exigiu 148 tomadas. Ryan O'Neal também, nas filmagens de Barry Lyndon. Neste filme, aliás, Kubrick fez o compositor Leonard Rosenman fazer nada menos que 105 tomadas, embora, segundo ele, "a segunda estava boa".
No entanto, houve um que finalmente não suportou esse método de trabalho tão exaustivo: Harvey Keitel. O ator Gary Oldman lembrou essa anedota em um podcast há sete anos: "Harvey Keitel interpretava o papel que acabou sendo de Sydney Pollack em De Olhos Bem Fechados. Acho que depois de 68 tomadas em que Kubrick o fazia passar por uma porta, ele disse 'estou saindo daqui, você é louco!'".
Anos depois, o interessado mencionou essa história em uma entrevista filmada. Embora admita que Stanley Kubrick "era um gênio", ele acrescenta imediatamente: "ele fez uma coisa à qual eu objetei e não gostei, achei desrespeitoso, e não havia questão de me faltarem com respeito, fosse Stanley Kubrick ou qualquer outra pessoa. Você não quer ser demitido de um set, mas eu fui". Infelizmente, Keitel não elabora mais sobre as coisas que não gostou no cineasta.
"Não pode ficar melhor, Stanley!"
Em 2005, Sidney Pollack, que assumiu o papel de Keitel, falou justamente sobre esse lado obsessivo de Kubrick. "Acho que nunca passei de 20 tomadas na minha vida, e se chego a 20, é uma tragédia para mim. Se já faço 5 ou 6 tomadas, começo a ficar nervoso. Mas 70, 80, 100 tomadas eram completamente normais para Kubrick. Era ao mesmo tempo extremamente interessante e exasperante ao máximo. Acabei dizendo a ele: 'não pode ficar melhor, Stanley! Eu não sou um ator profissional'".
*Conteúdo Global do AdoroCinema
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