A saga Alien existe por acaso: Como a primeira adaptação de Duna tornou possível o clássico do filme de terror

Sem a versão de Alejandro Jodorowsky do romance de Frank Herbert, nunca teríamos visto a franquia Alien acontecendo.

Alien: Romulus está fazendo sucesso, o nono capítulo da saga iniciada por Ridley Scott em 1979, justamente no ano em que vimos Duna: Parte 2, o que nos lembra que a primeira tentativa de adaptação de Duna de Frank Herbert para as telonas possibilitou a existência do mais emblemático filme de ficção científica e terror do cinema moderno.

A produção Duna, que seria dirigido por Alejandro Jodorowsky, prometia um dos filmes de ficção científica mais ambiciosos e artísticos já feitos. O diretor, conhecido por uma visão artística poderosa e indomável, reuniu um time dos sonhos para fazer um filme de... dez horas de duração. Porém, seu propósito faraônico também foi um dos maiores fracassos da história do cinema, levando em consideração que ele nunca foi realizado.

O melhor filme nunca feito: Duna fracassou antes de Denis Villeneuve – mas inspirou Star Wars, Alien e clássicos da ficção científica

Um cancelamento com efeito borboleta

São muitas as histórias que rodeiam a produção do filme e as pessoas que dele participariam. Como a visão de Alejandro Jodorowsky era mais que ambiciosa, ele chamou, entre outras pessoas importantes, Chris Foss e Moebius, que fariam parte do departamento artístico, a banda Pink Floyd para ficar encarregado da música, enquanto nomes renomados como Salvador Dalí e Orson Welles fariam parte do elenco.

Mas o personagem que nos interessa aqui é Dan O’Bannon, roteirista que já havia co-escrito Dark Star de John Carpenter, que era o supervisor de efeitos visuais. Embora o filme tenha sido cancelado e seja lembrado apenas por ser "o melhor filme nunca feito", o trabalho deu a O'Bannon a oportunidade de desenvolver um roteiro diferente. Logo após o cancelamento de Duna, o roteirista, que vinha trabalhando próximo a Jodorowsky, teve que deixar Paris e voltar para Los Angeles arruinado e sem ter onde morar.

Essa circunstância fez com que ele finalmente acabasse dormindo na casa do roteirista Ronald Shusett. Em uma entrevista de 2007, O'Bannon confessou ao Den Of Geek:

Eu me vi de volta a Los Angeles, completamente quebrado, meu carro eu tinha doado. Eu não tinha apartamento, todos os meus pertences estavam guardados, e acabei no sofá de Ronnie Shusett, e foi lá que escrevi Alien

Reciclando o melhor do projeto perdido

Ou seja, a necessidade de superar sua situação foi o gatilho inicial para uma ideia que mudaria sua vida. O desejo de escapar da pobreza levou à criação do roteiro original de Alien, o 8º Passageiro, no qual Shusett também teve um papel muito importante como co-roteirista. O fato de ambos serem grandes roteiristas trabalhando sob o mesmo teto foi totalmente circunstancial, mas um detalhe tão importante quanto o incentivo inicial.

O que inicialmente parecia um fracasso acabou sendo o cenário perfeito para o sucesso futuro. Duna não se tornou o melhor filme de ficção científica da história, mas possibilitou que Alien, o 8º Passageiro, lançado em 1979, se tornasse não apenas um sucesso, mas uma enorme franquia que continua produzindo filmes, mas não só porque terminou naquela casa, naquele momento, mas por causa das pessoas que conheceu.

Eu sabia que queria que alguns dos artistas que conheci em Duna trabalhassem em Alien, e em particular Giger para projetar a coisa. Então, parte da minha experiência com Duna foi para Alien . Mas a principal razão pela qual escrevi Alien naquela época foi que eu precisava de dinheiro, e a única maneira que eu conseguia pensar para ganhar algum dinheiro e sair do sofá de Ronnie era escrevendo um roteiro especulativo que os estúdios gostassem e comprassem. E devido a certos fatores de sorte, isso realmente aconteceu

O sucesso de Alien começa com uma história muito simples, mas ótima, mas as pessoas que participaram do filme levaram isso a outro nível. Os colegas que O'Bannon conheceu enquanto trabalhava no projeto de Jodorowsky transformaram o filme em algo nunca visto antes, principalmente a visão de H.R. Giger, que idealizou o design do Xenomorfo e outras etapas, mas além disso, tanto Chris Foss quanto Moebius eram artistas conceituais no departamento de arte, portanto há muitas semelhanças visuais com o que teria sido o nunca filmado Duna, confirmando-o como o gatilho inicial e uma enorme influência estilística e artística na franquia que se estende até Prometheus na franquia.

*Conteúdo global AdoroCinema

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