Prestes a chegar às salas escuras nacionais, Entrevista com o Demônio é um dos filmes mais aguardados do mês de julho. Nele, encontramos um terror dirigido por Colin e Cameron Cairnes, protagonizado ainda por Ian Bliss, Laura Gordon e nosso querido David Dastmalchian (O Esquadrão Suicida).
Ambientado na década de 1970, acompanhamos a história de Jack Delroy, um famoso apresentador de programa de TV. Ele comanda um show de auditório conceituado nas madrugadas, mas o início de uma baixa audiência começa a preocupar os produtores. Assim, Jack passa a apostar em atrações cada vez mais sensacionalistas, tentando atrair o público. No Halloween de 1977, ele convida uma jovem supostamente possuída por uma entidade maligna para o palco de seu programa - mas o que não contava é que tudo se tornaria um inferno de verdade.
Recentemente, o AdoroCinema teve o prazer de conversar com David Dastmalchian, grande intérprete de Jack Delroy. O astro compartilhou conosco assuntos como carreira, espiritualidade e seus próximos projetos - e o resultado você pode conferir abaixo:
IFC Films
AC: Entrevista com o Demônio é um filme que mergulha em temas como possessão, entidades malignas e parapsicologia. Você acredita no sobrenatural? Já teve alguma experiência deste tipo?
DD: Acredito profundamente que exista um universo inteiro cheio de coisas que nossas mentes humanas não conseguem, e talvez nunca consigam, compreender. Quando você considera o fato de que passamos a usar a eletricidade apenas nos últimos 120 anos, e ficamos por milhares de anos apenas sob o poder do relâmpago dos deuses, é incrível.
Eu gostaria que vocês compartilhassem, principalmente quando estou conversando com meus filhos sobre o assunto, que acredito no poder que existe além da compreensão humana, o poder do universo, o reino espiritual, se você quiser chamá-lo assim; acredito que ele é um poder bastante benevolente, exercendo uma espécie de atração para que a raça humana se unifique, fique junta, para assim escapar do medo. Eu acho que muitas das coisas que associamos à mitologia e à tradição do demônio, e do mal, tendem a ser mais psicológicas, coisas físicas que nós, como humanos, vivenciamos e que não conseguimos entender e que nos assustam porque doem muito.
Então, acredito que a vida é realmente um mistério maravilhoso. E quando conto histórias como Entrevista com o Demônio, como ator, ou sempre que estou escrevendo ou produzindo algo, uma das minhas coisas favoritas é me inclinar para esta temática que nenhum de nós compreende, mesmo aqueles que clamam saber a grande verdade. Afinal, quem sabe o que acontece de verdade?
AC: Consegue se lembrar do primeiro filme de terror que viu nos cinemas? Se sim, acha que ele inspirou sua carreira de alguma forma?
DD: O primeiro filme de terror que vi nos cinemas foi A Hora do Pesadelo 3 - Os Guerreiros dos Sonhos, estrelado por Patricia Arquette, Robert Englund e uma série de outros atores incríveis. Ele foi muito especial para mim: os efeitos práticos, a maquiagem macabra e principalmente a famosa cena da marionete; foi algo que me lembro de ter pensado: “Nossa, quero fazer isso”.
Mas, naquela época, eu já havia me tornado um grande fã de terror. O primeiro filme de terror que vi na TV foi Maldição do Lobisomem, com Oliver Reed, e eu pensei: “Quero fazer isso um dia”. Eu costumava praticar maquiagem e efeitos de terror. Acho que um dos meus ícones do terror favoritos é o Zé do Caixão. Você conhece ele? Eu meio que quero ser o Zé do Caixão dos dias de hoje.
AC: Entrevista com o Demônio é o primeiro filme que você lança com sua nova produtora, Good Fiend Films. Você já tem outros projetos em mente? Podemos esperar outro filme de terror em um futuro próximo?
DD: Sim. Good Fiend Films é a minha nova empresa. Nós co-produzimos até agora Entrevista com o Demônio. E também estamos publicando. Eu tenho uma franquia de história em quadrinhos chamada Count Crowley e outra chamada Knights Vs. Samurai, que sairá neste verão pela Image Comics.
E eu quero que todos os meus amigos do Brasil tenham em mãos uma cópia de Knights Vs. Samurai, porque se as pessoas amarem os quadrinhos tanto quanto eu espero, nós poderemos começar uma petição para fazer uma grande série de TV, filme ou anime.
AC: Interpretar um apresentador de talk show dos anos 1970 deve ter sido uma tarefa emocionante para você, dadas todas as imagens de arquivo acessíveis daquela época. Como foi retratar Jack Delroy?
DD: Jack foi o papel mais desafiador que desempenhei em muito tempo. Porque quando li o roteiro pela primeira vez, eu senti que há muito nele que é diferente de mim. Mas quanto mais trabalho eu fazia no personagem, mais eu comecei a perceber que ele e eu temos muito em comum. Eu sei como é ser alguém que está na frente do público e tenta passar uma percepção de confiança porque está tentando construir um carreira de sucesso como artista.
Como todo mundo, meus dias são frequentemente marcados pelas lutas que eu enfrento na minha vida pessoal: dificuldades de casamento, depressão, ansiedade, sabe, criar meus filhos. Isso tudo acontecendo ao mesmo tempo em que converso com jornalistas e promovo um filme. Você entende o que quero dizer? Tipo, "Ei, está tudo bem".
Então, quando comecei a pensar nisso nos termos de Jack, entendo por que ele está começando a desmoronar, a perder o controle. E essa foi abertura para mim. Toda vez que me encontro saturado, primeiramente preciso encontrar o buraco da fechadura, e aí sim posso localizar a chave. E se estou nas mãos de um grande diretor ou dois grandes diretores, como eu fui com esse filme, está tudo bem.
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