Como a crise de ansiedade de Riley foi criada em Divertida Mente 2

A luz, a cor da cena e, é claro, o movimento das emoções na mente de Riley resultaram no momento mais difícil do filme.

Desde o primeiro Divertida Mente (filme que você pode assistir no Disney+), a Pixar conseguiu retratar a complexidade das emoções por meio da mente de Riley, fazendo com que praticamente todos no cinema se vissem refletidos em algum momento da história. Agora, na fase da adolescência da jovem e com a chegada de Ansiedade, Inveja, Tédio e Vergonha em Divertida Mente 2, a produção realmente nos transportou para o momento mais difícil até agora.

A Ansiedade se vê como um agente de mudança na mente da protagonista, que a ajudará a garantir seu futuro no ensino médio. E o acampamento de hóquei é a oportunidade perfeita para testar suas ideias, mesmo que ela tenha que passar pela Alegria, pelo resto das emoções e pelo próprio sistema de Riley. Para o diretor da sequência, Kelsey Mann, entrar nesse novo estágio de amadurecimento da jovem foi empolgante, pois permitiu que eles explorassem novos lugares da mente, à medida que um senso de identidade começa a se formar.

"Você está sendo criado por outras pessoas e adotando as crenças delas sobre o mundo e sobre si mesmo. E, de repente, você para e pensa: em que eu acredito?", disse Mann, em entrevista ao IndieWire. Mann também afirmou que a parte mais difícil do filme foi criar o design da sensação de "eu": aquele lindo lago cintilante e translúcido com cordas que reproduzem as memórias de Riley quando ela as toca.

A criação da crise de ansiedade

Após criar o ambiente perfeito com seu Senso do Eu, com a ajuda da nova emoção laranja, a produção iniciou a tarefa de abalar esse sistema que parecia estar sob controle. Depois de levar Riley por um fim de semana de emoções reprimidas e pressão, para ser cada vez melhor e "boa o suficiente", a Ansiedade assume o controle da situação no jogo final de hóquei. Algo tão fascinante de assistir quanto estressante.

Na cena, podemos ver a Ansiedade girando freneticamente, apertando todos os botões do console, enquanto Riley tenta desesperadamente marcar três gols, tirando sua atenção de tudo ao seu redor, inclusive de uma de suas melhores amigas, que acaba sendo lançada ao ar com um estrondo. Maurissa Horwitz foi a responsável pela edição e nos leva de forma excelente para dentro e para fora da mente de Riley, para testemunhar o colapso emocional de todos os ângulos e aumentar a tensão.

Da mesma forma, as equipes de animação tiveram o cuidado de incluir efeitos visuais que trouxeram toda a nossa atenção para o foco que só Riley podia ver, fechando cada vez mais a cena e aumentando a iluminação ao redor dela, de modo que nada parece claro e a mente fica acelerada. O diretor do filme mencionou que toda a equipe se uniu para fazer com que esse ataque de pânico se tornasse o que vimos na tela, algo "realmente complexo de se fazer", mas tão fácil de se identificar:

A distorção do que está acontecendo com Ansiedade, o giro, ela literalmente é como uma tempestade sendo varrida, deixando um rastro de borrão atrás de si. É como se ela estivesse apertando todos os botões do console e todos estivessem acontecendo ao mesmo tempo. Ela está piscando o tempo todo porque está muito nervosa. É como o que você sente fisicamente quando seu coração está batendo muito rápido

Em termos de cor, os diretores de fotografia do filme, Jonathan Pytko e Adam Habib, disseram à Variety que, no momento mais intenso do ataque, quando Riley está sentada, a cena se torna fria, com esse excesso de luz obscurecendo a mente. No entanto, quando a cena chega ao fim, quando tudo começa a se suavizar junto com os batimentos cardíacos e após o abraço completo de todas as suas emoções, a cor muda "para um tom mais quente para trazer a alegria de volta à cena".

Não há dúvida de que, além do humor que agora podemos encontrar nessa cena, o nível de detalhe que a produção colocou na construção desse momento, desde a primeira aparição da Ansiedade até a sequência de calma e realização, cumpriu tudo o que o cinema busca em sua essência: nos causar sensações. Conseguimos nos identificar com um momento de tensão que mais tarde se transformou em libertação. Mais uma razão pela qual Divertida Mente continua sendo um dos grandes favoritos da Pixar.