Mais uma vez, George Miller retorna ao mundo pós-apocalíptico de Mad Max com Furiosa - mundo esse do qual, mesmo após tantos anos, não se cansou de repensar narrativa e visualmente, explorando uma ação frenética sobre como a humanidade pode conduzir-se à decadência, selvageria e falta de compaixão.
Não é comum encontrar temas e cineastas tão humanistas por trás de grandes sucessos de bilheteria, com tantas preocupações existenciais captadas em um espetáculo aparentemente insano. Também é verdade que poucas franquias são administradas por um artista capaz de quebrar constantemente moldes tanto no campo da ação, quanto do entretenimento infantil, dando origem a tramas como Babe - O Porquinho Atrapalhado na Cidade.
Uma cidade enlouquecida
George dirige a sequência do sensacional fenômeno familiar de Chris Noonan (também feito com intensa intervenção de Miller), tentando levar ainda mais longe suas possibilidades temáticas e estéticas. Ele encontrou certa rejeição no processo por parte da crítica e principalmente do público, mas hoje é reivindicado como uma joia cult e, acredite ou não, uma obra quase fundamental para compreender o rumo da saga Mad Max.
Um acidente causado pelo porco Babe deixa o fazendeiro Arthur gravemente ferido, incapaz de suprir as necessidades financeiras de seu negócio e sua família. Com a fazenda em perigo, sua esposa segue para a cidade grande com o criador de porcos para tentar arranjar dinheiro em um concurso de animais de estimação. Mas, uma vez lá, o corajoso leitão encontra um mundo caótico e cruel contra o qual deve resistir.
Miller leva os contrastes entre a vida na fazenda que vimos no primeiro filme e a dinâmica quase anárquica da cidade aos seus extremos mais maximalistas. Os comportamentos humanos são ainda mais erráticos e primários do que os dos animais que vemos, e a aventura que o protagonista tem que viver é ainda mais dilapidada.
Babe - O Porquinho Atrapalhado na Cidade está no Telecine (via Globoplay).
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