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    Existe uma Silent Hill na vida real: Ela está em chamas há 62 anos, tem cinco habitantes e o governo pede às pessoas que não a visitem
    Eduardo Silva
    Eduardo Silva
    -Redator
    Jornalista que ama filmes sobre distopias e animes de battle royale. Está sempre assistindo alguma sitcom e poderia passar horas falando sobre Yu Yu Hakusho e Jogos Vorazes.

    Centralia já foi uma orgulhosa cidade mineradora no nordeste da Pensilvânia, mas agora sua população está reduzida a cinco pessoas.

    Em 2006, o filme Terror em Silent Hill trouxe consigo uma das adaptações mais singulares de um videogame e, segundo alguns, uma das melhores. O tom melancólico, a agressividade das imagens e a premissa fizeram desse filme uma proposta muito diferente no gênero de terror comercial da época.

    A produção também foi muito incomum, que contou com efeitos práticos e design funcional de criaturas. Mas talvez a chave do sucesso dessa adaptação esteja na recriação de uma atmosfera única. Uma atmosfera que parecia inadaptável para os fãs, mas que acabou superando as expectativas. Em grande parte porque a principal inspiração para o filme era real.

    Terror em Silent Hill
    Terror em Silent Hill
    Data de lançamento 18 de agosto de 2006 | 2h 05min
    Criador(es): Christophe Gans
    Com Radha Mitchell, Sean Bean, Jodelle Ferland
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    3,8
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    O diretor Christophe Gans era um grande fã do videogame, mas encontrou sua Silent Hill na Pensilvânia, nos EUA. A cidade mineradora de Centralia, fundada em 1842, estava em chamas há mais de 40 anos na época em que o filme foi filmado e, por mais de 20 anos, funcionou quase como uma cidade fantasma.

    A visão assombrada daquelas ruas solitárias despertou a imaginação de Gans, que, embora acabasse filmando no Canadá, nunca deixou de tomar aquele lugar como ponto de referência.

    Tragédia e resiliência

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    Foi em 1962 que um incêndio rotineiro para queimar lixo acabou atingindo uma rachadura no solo e se alastrando para dentro de uma mina de carvão. Quando os envolvidos conseguiram reagir, já era tarde demais. O fogo subterrâneo havia se espalhado pelos extensos túneis e apagá-lo era um esforço logisticamente inviável. O que havia sido o principal motor econômico de uma cidade de 2.500 habitantes agora também era o motivo do seu fim.

    No censo de 1960, dois anos antes do incêndio, a população era de 1.500 pessoas. Já no início da década de 1980, o número havia caído para cerca de 1.000 habitantes que conviviam com um solo em chamas, rachaduras em casas e edifícios, e vegetações adoecidas ou mortas.

    Em 1983, Washington arrecadou 42 milhões de dólares para pagar as casas de todos os moradores de Centralia, pedindo aos que ficaram que encontrassem uma moradia em outro lugar. Embora o incêndio subterrâneo não represente um perigo iminente, a produção de gases respiráveis em determinadas áreas pode ser prejudicial. Em algumas áreas, o calor ainda é perceptível. A vegetação morta também não é uma visão agradável.

    Our Amazing & Restless Planet

    Naquele ano, quase todas as famílias foram embora. Em uma reportagem do canal News 8 de 2005, 11 moradores foram relatados como remanescentes; já em uma visita do site Gamespot em 2020, apenas cinco permaneceram. Os residentes restantes, com saudades de casa e relutantes em deixar seus lares, vivem como hóspedes em suas próprias casas.

    O governo se resignou a expulsá-los, mas também não os incentiva a viver lá. Não há supermercados ou farmácias por perto; para atender às necessidades básicas, a cidade mais próxima é Mount Carmel, a 10 quilômetros de distância.

    Embora não haja proibições rigorosas, as pessoas são incentivadas a não visitar o local, que agora é o cenário de seu próprio filme de terror. Assustadoramente silenciosa, com árvores decrépitas e prédios em ruínas, a influência do filme na percepção dessa cidade é poderosa: há pichações com a inscrição “Silent Hill”, por exemplo. A estrada que leva à Centralia apresenta uma visão sinistra e, para os fãs da saga, muito familiar.

    Uma inspiração que marcou a saga para sempre

    Filmado em diferentes partes das cidades canadenses de Toronto, Brantford e Hamilton, a equipe de filmagem de Terror em Silent Hill nunca pôs os pés em Centralia, mas a produção tinha um respeito tão fervoroso por suas ruas quanto pelos pixels que fazem parte do videogame original.

    A névoa, a fumaça e alguns dos edifícios reais de Centralia foram objetos de fascínio para o diretor Gans e sua equipe, e foram tão cruciais para o desenvolvimento quanto a arte conceitual.

    Com o passar dos anos, a história de Centralia e Silent Hill se aproximaram tanto que muitos fãs continuam convencidos de que as semelhanças não são coincidência e que a cidade também foi uma inspiração para o jogo japonês.

    Um de seus principais criadores, Masahiro Ito, vem negando isso há anos, afirmando que a cidade americana não desempenhou nenhum papel no desenvolvimento do videogame, embora tenha desempenhado no filme. Ele alega, como principal motivo, o fato de que, se a neve cai no videogame, as cinzas caem no filme, inspiradas pelo incêndio que ocorreu no local.

    Com um novo filme no horizonte, é possível que o legado cultural dessa cidade condenada continue a se estender. O legado é a última coisa que resta aos moradores dessas ruas. Quando as últimas cinco pessoas que ainda vivem em Centralia falecerem, a história que começou em 1841 terminará com elas. As últimas casas serão demolidas e Centralia se tornará uma cidade fantasma para sempre.

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