Todos têm o direito de ter preferência por determinados filmes. No final, seria muito chato se todos destacássemos os mesmos títulos, e seria também uma forma de reduzir tudo a um número muito limitado de propostas. Por isso, destacamos aquele que é o melhor filme realista de ficção científica da história, dada a peculiaridade de muitos nem saberem que ele existe.
Extraordinário em todos os sentidos
Alguns poderão reclamar, pois obviamente conhecem O Segundo Rosto - curiosa tradução do original, Seconds - e já o viram. Mas há cada vez mais pessoas que não chegam nem perto dos grandes clássicos, para nem mesmo ter sido informado sobre um filme que foi um fracasso na época de seu lançamento e ainda não foi tão justificado quanto merece.
O Segundo Rosto conta a história de um homem com uma vida cinzenta que recebe a oportunidade de começar de novo, a partir de uma organização misteriosa. Para isso, ele terá que passar por uma operação para mudar seu corpo e cortar todos os laços com a pessoa que era antes. No papel, uma oportunidade de ouro para recomeçar e encontrar a felicidade, mas às vezes é preciso ter cuidado com o que deseja.
Um dos maiores sucessos de bilheteria de ficção científica da história do cinema – como você nunca viu antesAlgo que deve ser levado em consideração no caso de O Segundo Rosto é que ele utiliza essa base de ficção científica, para construir um suspense psicológico que se aprofunda no que leva alguém a tomar tal decisão e como tudo se desenvolve então. Portanto, há algo sempre desconfortável nisso, seja o pessimismo que domina seu primeiro ato ou aquele componente crescente e obscuro que o filme exibe.
Isso poderia ter feito com que a obra fosse um projeto para a mera exibição de um extraordinário Rock Hudson, mas o filme chegou naquele que foi certamente o melhor momento da carreira de John Frankenheimer. O cineasta havia acabado de lançar joias inquestionáveis como Sete Dias de Maio e O Trem, porém foi aqui que ele realmente atingiu seu auge.
Frankenheimer acrescenta um toque brilhante e avassalador ao trabalho de encenação para que o formal esteja de acordo com o que seu protagonista sente. A todo momento, temos consciência de que a felicidade momentânea que o personagem de Hudson pode sentir está irremediavelmente contaminada. Há algo estranho na atmosfera que encanta o espectador e continua crescendo até seu final imbatível. Pode haver mais finais míticos, mas não melhores.
Além de todos os demais elementos, desde a trilha sonora de Jerry Goldsmith até a fotografia de James Wong Howe - na época era a única parte verdadeiramente reconhecida de O Segundo Rosto, por ter sido indicada ao Oscar - o trabalho de edição de David Newhouse e a inesquecível cena dos créditos de abertura de Ferris Webster e Saul Bass, remam na mesma direção para dar forma a uma obra-prima inquestionável.
Infelizmente, o O Segundo Rosto falhou na época e mesmo nos Estados Unidos demorou 30 anos para poder ver a montagem original de Frankenheimer. Ao longo dos anos, ganhou prestígio - faz até parte da Criterion Collection - mas ainda é largamente desconhecido fora de alguns círculos.
*Tradução de site parceiro do AdoroCinema
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