O início dos anos 2000 foi um momento eufórico para os amantes de filmes de fantasia, principalmente aqueles baseados em grandes best sellers. Harry Potter, Nárnia e A Bússola de Ouro são apenas alguns dos famosos títulos que receberam investimento para chegar às telonas dos cinemas.
Aproveitando o momento fervoroso, o diretor Iain Softley resolveu se arriscar em um gênero até então inexplorado em sua filmografia. Conhecido anteriormente pelo seu trabalho no drama Os Cinco Rapazes de Liverpool e no terror A Chave Mestra, o cineasta assumiu a frente do projeto de Coração de Tinta - O Livro Mágico com a New Line Cinema.
New Line Cinema
O filme, baseado na trilogia infanto-juvenil da escritora alemã Cornelia Funke, composta por Coração de Tinta, Sangue de Tinta e Morte de Tinta, é centrado na história de Mo Folchart, um habilidoso encadernador, que decidiu nunca mais ler um livro em voz alta. Por ironia do destino ou não, sua filha Meggie é fascinada pelas clássicas histórias da literatura.
Meggie jamais entendeu o motivo de seu pai, até que um inesperado visitante finalmente revela o segredo que explica a proibição: Mo tem a estranha e incontrolável habilidade de, ao ler um texto em voz alta, trazer os personagens das histórias para o mundo real, como que por mágica.
Para a adaptação da fantástica história, Brendan Fraser foi escalado para viver Mortimer Folchart. Na época, o ator estava acompanhando sua franquia de A Múmia decolar nas bilheterias mundiais com o lançamento de A Múmia: Tumba do Imperador Dragão.
Na Netflix: Um dos melhores filmes de aventura dos últimos 20 anos está disponível no streamingO rosto já conhecido foi uma escolha sábia para estrear a trilogia, mas a verdadeira razão do envolvimento de Fraser no projeto aconteceu anos antes, quando a própria Funke usou o ator como referência para construir o personagem de Mo para seu livro, informação que dividiu durante a divulgação do filme e em uma leitura de seu livro na Burbank Public Library.
Quem poderia fazer um pai brincalhão e juvenil, que conhecesse a arte da encadernação, pudesse tirar sua filha de apuros e que tivesse uma bela voz [para ler em voz alta]? Eu pensei em Brendan Fraser
A autora ainda informou que ficou um ano observando os personagens dos filmes de Fraser.
"Eles (personagens) misturavam tristeza e comédia, e fui inspirada. Quando terminei o livro, enviei para ele com um bilhete que dizia: Se você algum dia ler isso para seus filhos, diga-lhes que você fez as páginas respirarem" completou.
Um fracasso de bilheteria
Mas, apesar do ator estar vinculado a uma produção que conseguiu triplicar seu lucro em bilheterias - visto que apenas Imperador Dragão conseguiu uma bilheteria de 400 milhões de dólares em uma produção de 145 milhões - a receita não funcionou pela segunda vez.
O projeto de Softley, que recebeu um baixo orçamento - quase simbólico - em torno de 60 milhões de dólares, faturou apenas 66 milhões em bilheterias mundiais, provando um fracasso logo em seu primeiro filme. Nem mesmo os nomes de Helen Mirren, Andy Serkis e Sienna Guillory parecem ter surtido efeito entre o público mais velho.
Apesar de uma história original e cativante, o filme deixou a desejar em seus efeitos visuais e práticos, visto que, na mesma época, estava competindo lado a lado com superproduções do mesmo gênero.
A adaptação do roteirista David Lindsay-Abaire (Robôs; A Origem dos Guardiões) seguiu com muitas alterações no texto original, e a escalação de Eliza Bennett para a personagem de Maggie, que no livro tem doze anos, mas na época tinha seus 16 anos, também foi uma alteração que impactou na personalidade e relação entre pai e filha.
Após o lançamento de seu primeiro filme, a trilogia de Cornelia Funke não seguiu com mais adaptações para os cinemas. Assim como outras franquias que receberam uma nova atenção, como Nárnia de Greta Gerwig para a Netflix, e His Dark Materials para a Max, talvez Coração de Tinta possa receber uma segunda chance futuramente.
O filme está disponível na Max.
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