Entre 15 e 25 de fevereiro, a capital alemã reúne grandes títulos, artistas, especialistas e fãs na edição de 2024 do Festival de Berlim. Com Lupita Nyong’o na presidência do júri deste ano, a seleção conta com estreias de Cillian Murphy, Adam Sandler, Kristen Stewart, entre outras estrelas hollywoodianas – mas o Brasil também marca presença no festival.
Veja quais são os quatro filmes brasileiros que foram selecionados pelo Festival de Berlim 2024.
Cidade; Campo
Com direção de Juliana Rojas (O Duplo, Para Eu Dormir Tranquilo e Boca a Boca, da Netflix), Cidade; Campo está na seção competitiva Encounters, concorrendo aos prêmios de Melhor Filme, Melhor Direção e Prêmio Especial do Júri.
Filmado em São Paulo e no Mato Grosso do Sul, o longa acompanha duas histórias de migração. Na primeira, uma trabalhadora rural muda-se para a capital paulista após a inundação de sua região e, na nova cidade, conhece um novo universo de subempregos. Na segunda trama, acompanhamos um casal de mudança para uma fazenda herdada. Lá, as duas companheiras passam por um reencontro com o passado e pelo choque de uma nova realidade rural.
Betânia
Na seção Panorama, cujo vencedor é escolhido pelo voto do público, o Brasil está representado por Betânia, longa assinado por Macelo Botta (Auto Posto, Abestalhados 2, Foca News com Daniel Furlan).
Dividido entre os períodos de seca e de cheia dos Lençóis Maranhenses, Betânia é o nome da protagonista e também da cidade onde ela nasceu. Após a morte do marido, a parteira precisa recomeçar a vida ao lado das filhas em um novo lugar que ainda não conhece, mas que acaba trazendo junto novas figuras importantes. “A revolta de Dona Betânia é a nossa. O lixo que o pescador encontra em sua rede é a destruição do nosso meio ambiente. A duna que desvia o rio que destrói casas é a tragédia climática batendo em nossas portas”, explica o diretor.
Lapso
Entre os curtas-metragens, um dos destaques é Lapso, filme mineiro da diretora Caroline Cavalcanti. Selecionado para a Mostra Generation, a produção acompanha os adolescentes Bel e Juliano, que se conhecem após serem pegos por vandalismo. Assim como a protagonista, a cineasta é deficiente auditiva e trouxe a experiência para sua criação.
“Isso me causou um certo desejo de descobrir quais são as dificuldades, barreiras e obstáculos, o que me fez me aproximar da comunidade surda. Então surgiu a vontade de desenvolver um roteiro que passasse por esse lugar”, disse em entrevista ao jornal Estado de Minas.
Quebrante
Na Mostra Fórum Expanded, a cineasta Janaina Wagner apresenta o curta Quebrante, ambientado nas “cavernas, ruínas e fantasmagorias” da Rodovia Transamazônica BR230. A principal personagem é uma professora aposentada: conhecida na região como a ‘mulher das cavernas’, Dona Erismar explora buracos desconhecidos com apenas uma vela e um isqueiro.
“Uma conversa entre a lua e as pedras, Quebrante é livremente inspirado no projeto The Truly Underground Cinema (1971), de Robert Smithson, e no filme The Very Eye of the Night (1958), de Maya Deren. Gratidão gigantesca à equipe, parceiros e curadoria da Berlinale por acreditarem no filme”, escreveu a cineasta em seu perfil no Instagram.