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    É uma obra-prima da ficção científica: O vilão do filme convenceu Ridley Scott a mudar o final
    Giovanni Rodrigues
    Giovanni Rodrigues
    -Redação
    Já fui aspirante a x-men, caça-vampiros e paleontólogo. Contudo, me contentei em seguir como jornalista. É o misto perfeito entre saber de tudo um pouquinho e falar sobre sua obsessão por nichos que aparentemente ninguém liga (ligam sim).

    Rutger Hauer esteve envolvido na criação de seu famoso monólogo em Blade Runner, clássico de 1982.

    Apesar de uma carreira de sucesso, o inesquecível intérprete Rutger Hauer, que faleceu em julho de 2019, provavelmente será sempre lembrado pelo monólogo de 50 segundos que proferiu na tela em 1982, ao interpretar o famoso replicante Roy Batty no icônico Blade Runner de Ridley Scott.

    Entregue em seus momentos finais sob o olhar atônito de Rick Deckard (Harrison Ford), o monólogo entrou para a história como um dos discursos mais comoventes do cinema e foi o próprio ator, na noite anterior às filmagens, que, pegando partes do roteiro original e acrescentando uma linha final comovente, deu origem ao texto final que entraria para a história.

    Foi o que ele mesmo disse em uma entrevista antiga que nossos colegas do AlloCine lembram (via All The Right Movies): "A pomba foi ideia minha. E o texto era uma página longa e muito complicada. Muitas palavras. Achei que já tínhamos visto cinco mortes de maneira operística e pensei: 'Agora temos que ser rápidos'. As baterias acabaram, bam, é isso. Não vamos exagerar".

    The Ladd Company/Blade Runner Partnership/Shaw Brothers

    "Vi coisas que você não acreditaria..."

    A partir desse ponto de partida, Rutger Hauer decidiu refazer o roteiro um dia antes de filmar a cena, removendo grande parte do discurso original para manter apenas o essencial e acrescentando uma última fala: a fala "lágrimas na chuva" que realmente tornou a cena perfeita.

    Como sua amiga Katy Haber relembrou em uma declaração ao Daily Mail em 2019: "Rutger seguiu o roteiro até o fim de seu discurso de despedida. Rutger perguntou se poderia compartilhar sua ideia de algo que ele escreveu depois do jantar e que achava que Batty diria". E o diretor adorou: "Ridley achou que era tão poderoso e incrível que simplesmente filmou o discurso de Rutger sem editá-lo. Esse momento mostrou a colaboração e a união entre os dois. [...] Foi o ponto culminante de uma atuação incrível".

    Conforme relata o AlloCine, nas palavras do próprio Hauer, eles filmaram a cena "com e sem pombos": "Todas as cenas em que tenho um pombo foram filmadas em dois dias porque ele não tinha certeza e eu não tinha certeza. A ideia era que, quando a alma parte, algo tem que partir".

    The Ladd Company/Blade Runner Partnership/Shaw Brothers

    Uma liberdade oferecida a todos os atores do filme

    Em outra entrevista ao Radio Times em 2017, Rutger Hauer também falou sobre a poesia do texto e a liberdade que Ridley Scott deu aos atores no set:

    "Mantive duas falas porque as achei poéticas. Achei que elas pertenciam a esse personagem, porque em algum lugar de sua cabeça digital ele tem poesia e sabe do que se trata. Ele a sente! E como suas baterias funcionam, ele encontra as duas linhas".

    Ele acrescentou: "Ridley me deu toda a liberdade porque queria que fosse uma história baseada em personagens. Ele nunca havia feito um filme com personagens antes. Ele disse: 'É isso que eu quero fazer: traga-me qualquer coisa que você possa imaginar e eu farei se gostar".

    Há rumores de que, no dia da filmagem, os membros da equipe bateram palmas e choraram depois que a cena terminou. De qualquer forma, o que é certo é que os fãs derramaram lágrimas e que o texto entrou para a história.

    Blade Runner, o Caçador de Andróides
    Blade Runner, o Caçador de Andróides
    Data de lançamento 26 de julho de 1982 | 1h 57min
    Criador(es): Ridley Scott
    Com Harrison Ford, Rutger Hauer, Sean Young
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