Protagonizado por Julianne Moore, Natalie Portman e Charles Melton, Segredos de um Escândalo chegou no mês de janeiro aos cinemas brasileiros trazendo a chocante história de Gracie (Moore) e seu marido Joe (Melton).
Apesar de ser ovacionado por seis minutos em sua estreia e ser um dos grandes nomes para o semestre de premiações, o filme foi um dos diversos esnobados pela maior premiação do cinema: O Oscar 2024, entrando apenas na categoria de Melhor Roteiro Original.
Dirigido por Todd Haynes (Carol e Longe do Paraíso), o filme acompanha a história do casal Gracie e Joe, que é 23 anos mais novo que ela. O relacionamento dos dois começou quando Joe ainda tinha 13 anos, causando um escândalo nos jornais.
Vinte anos depois de seu romance ter chegado às manchetes, o casal está se preparando para a ida de seus gêmeos para a faculdade e iniciarem uma fase mais tranquila. No entanto, suas rotinas viram de cabeça para baixo quando a atriz Elizabeth Berry (Portman) vem estudar Gracie para um papel no cinema.
Baseado em uma história real, mas sem consentimento?
Gloria Sanchez Productions
A chocante história do filme tem como ponto de partida o caso Mary Kay Letourneau, da década de 1990, nos EUA. Letourneau foi uma professora que, em 1997, saiu do anonimato ao se envolver em um escândalo criminal e midiático: ela foi condenada por estuprar um de seus alunos da sexta série, Vili Fualaau.
O "relacionamento" teria começado em 1996, quando ela tinha 34 anos e ele 12, bem semelhante ao filme onde Grace tem 36 anos, enquanto Joe apenas 13.
Mas, apesar da nítida inspiração no caso de 1996, o verdadeiro Joe, Vili Fualaau, em uma conversa com o The Hollywood Reporter informou que em nenhum momento foi consultado pelo diretor Todd Haynes, o roteirista Samy Burch ou pelo ator Charles Melton, para falar sobre um personagem que claramente é baseado em sua vida.
Ainda estou vivo e bem. Se eles tivessem entrado em contato comigo, poderíamos ter trabalhado juntos em uma obra-prima. Em vez disso, eles escolheram fazer uma imitação da minha história original. Estou ofendido com todo o projeto e com a falta de respeito a mim — que vivi uma história real e ainda a vivo.
Fualaau chegou a assistir ao filme e compartilhou que ficou profundamente desanimado com o que considera uma exploração de sua história e trauma, embora sua principal fonte de perplexidade venha exatamente do fato de ter ficado no escuro pela equipe do filme que em nenhum momento o contatou.
“Eu adoro filmes — bons filmes. E admiro aqueles que captam a essência e as complicações dos acontecimentos da vida real. Você sabe, filmes que permitem que você veja ou perceba algo novo cada vez que os assiste."
"Um luxo que as mulheres não podem se dar": Natalie Portman acredita que não conseguiria manter uma atuação de método"Esse tipo de escritor e diretor — alguém que pode fazer isso — seria perfeito para trabalhar, porque minha história não é tão simples quanto este filme [retrata]”, completou durante a conversa.
Uma das principais falas do filme, “Quem era o chefe?”, que revela o verdadeiro trauma escondido na relação entre o casamento de Joe e Grace também foi retirada de uma entrevista com Letourneau e Fualaau, sendo curioso o porquê ninguém o consultou.
A escolha proposital de Samy Burch e Todd Haynes
Apesar da grande controvérsia em ignorar Fualaau durante a pré-produção do filme, o roteirista, Samy Burch, informou que o filme é uma história de ficção, e que o caso real foi uma inspiração para abordar a cultura de tabloides que culminou no universo biográfico de true crime — já que o caso ajudou a definir a cultura sensacionalista dos tabloides dos anos 90, sendo esse um dos principais norteadores do longa-metragem.
Os personagens de Julianne Moore e Charles Melton são lidos principalmente pelo que as pessoas sabem sobre o passado deles através das antigas notícias e fofocas, tornando a relação e o trauma uma grande incógnita que é, aos poucos, revelada pela presença da personagem de Natalie Portman.
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