Histórias de superação sempre atraem o público, independente da mídia. Entre tantas narrativas poderosas no Oscar 2024, há uma jornada que poucos conhecem, uma que foge um pouco do que se espera - já que acontece dentro e fora das telas.
Há alguns anos, ND Stevenson começou a produzir uma webcomic que, após aclamação do público, se tornou uma elogiada graphic novel. Assim nasceu Nimona em suas primeiras casas, trama lida inicialmente através de celulares e computadores, em lançamentos periódicos, que posteriormente ganhou páginas físicas com a história completa.
A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas foi injustiçado? 6 motivos por que filme merecia ganhar Oscar de Melhor AnimaçãoAo longo da última década, o livro foi premiado no Cartoonist Studio Prize, no Cybils Award e no Eisner Awards. O sucesso foi responsável pela compra de direitos de adaptação pela 20th Century Studios, sob produção da Blue Sky, subsidiária da extinta Fox. No entanto, em 2019, após a Disney comprar a empresa, o desenvolvimento do filme começou a passar por momentos tortuosos.
Dois anos após o acordo, a Blue Sky foi fechada e a animação foi cancelada. Na época, o projeto estava parcialmente concluído, com 75% do trabalho adiantado. Posteriormente, vários ex-funcionários do estúdio falaram à mídia sobre o filme, afirmando que a possível motivação para o abandono do filme estava em seu envolvimento com assuntos e tramas LGBTQIAP+. Tais declarações coincidiram com uma carta de funcionários da Pixar que denunciavam cortes nos longas e uma conexão da Disney com o projeto de lei "Don't Say Gay", da Flórida.
Apesar da triste notícia de ver o filme arquivado tão próximo de ser concluído, os produtores continuaram tentando vender o projeto para outros distribuidores. Assim, em abril de 2022, a Netflix e a Annapurna Pictures anunciaram o "salvamento" de Nimona. Nick Bruno e Troy Quane assumiram a direção, com roteiro reescrito por Robert L. Baird e Lloyd Taylor.
Lançado no ano passado pelo serviço de streaming, a animação conquistou 94% de aprovação da crítica no Rotten Tomatoes, enquanto a média das avaliações de mais de 2.500 pessoas do público é de 91%. A trama acompanha Nimona, uma metamorfa sem limites nem papas na língua, cujo maior sonho é ser comparsa de Lorde Ballister Coração-Negro, o maior vilão que já existiu. Mas ela não sabia que seu herói possuía escrúpulos. Menos ainda uma deliberada missão.
Para ver no streaming: 9 animações indispensáveis com personagens LGBTQIAP+Nesta semana, depois de aparecer indicado em algumas premiações, Nimona entrou na disputa do Oscar 2024 de Melhor Animação. Nas redes sociais, ND Stevenson celebrou a trajetória de sua história e enalteceu as equipes e demais profissionais envolvidos com a adaptação.
"O que começou como uma pequena webcomic em um porão maltrapilho... para um filme oprimido que teve que lutar contra os poderes constituídos para existir... até o maldito OSCAR", disse ele. "Que viagem tem sido. Parabéns, Nick Bruno, Troy Quane, Karen Ryan, Julie Zackary e às centenas de outros elenco e equipe que fizeram isso acontecer. Vocês merecem tudo."
Ao lado de O Menino e a Garça, Meu Amigo Robô, Homem-Aranha: Através do Aranhaverso e Elementos, o filme entra para a história da Academia como uma das produções mais interessantes - e necessárias - da atualidade.
Para quem ainda não assistiu, basta dar o play em Nimona no catálogo da Netflix.