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    Ó Paí, Ó 2 é feito da "capacidade de sorrir, refletir e enfrentar feridas coletivas", reflete a diretora Viviane Ferreira (Entrevista Exclusiva)
    Diego Souza Carlos
    Apaixonado por cultura pop, latinidades e karê, Diego ama as surpresas de Jordan Peele, Guillermo del Toro e Anna Muylaert. Entusiasta do MCU, se aventura em estudar e falar sobre cinema, TV e games.

    Em cartaz nos cinemas, longa estrelado por Lázaro Ramos tem o retorno do elenco original do Bando de Teatro Olodum.

    Quinze anos após o dramático e arrebatador lançamento de Ó Paí, Ó, a franquia retoma fôlego nos cinemas para contar o que aconteceu com aqueles queridos personagens após esse salto temporal com uma divertida sequência. Já em cartaz por todo o Brasil, o longa apresenta o retorno do elenco original, liderado por Lázaro Ramos, e tem a direção de Viviane Ferreira.

    A trama acompanha a trupe de personagens queridos mais de uma década após o encerramento do longa de 2007. Agora, Roque (Lázaro Ramos) está prestes a lançar sua primeira música e acredita que vai se tornar um artista de sucesso. Em tratamento psicológico desde o assassinato de seus filhos, Dona Joana (Luciana Souza) volta a aprontar no prédio, mas há quem ache que ela é quem está certa.

    Já Neuzão (Tânia Toko), perde seu bar para uma turma de caráter duvidoso, causando uma comoção geral. Enquanto isso, os jovens da segunda geração dominam a tecnologia e lutam pela causa negra com atitude regada à música e poesia.

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    Em entrevista ao AdoroCinema, a diretora abordou o desafio em dirigir a sequência de um filme tão aclamado. Depois de receber o convite, ela passou a determinar o que não poderia faltar em Ó Paí, Ó 2, algo que compartilhou com o veículo.

    “O que não poderia faltar, de fato, era o carisma do Bando de Teatro Olodum e a capacidade de fazer sorrir e refletir. O primeiro [filme] e a própria franquia no teatro tem uma grande marca que é a capacidade de nos convocar para debater e enfrentar temas e feridas coletivas tão sérias e tão profundas, e ainda assim encontrar espaço para um riso. Um riso não de deboche da existência dessas pessoas, mas um riso de alívio, pois essas pessoas conseguem, no final de tudo, reafirmar que o fato de se ter é o suficiente para continuar existindo e enfrentar todos os problemas”, explicou ela.

    “Para mim, o tempo inteiro ficava o alerta do como não desesperanças e como garantir que o público continuasse rindo, refletindo e amadurecendo junto com essas personagens”, refletiu a realizadora.

    Palavra Assessoria

    A cineasta, que carrega um importante marco em sua trajetória como a segunda mulher negra a dirigir individualmente um filme de ficção no Brasil, O Dia de Jerusa -, ainda explicou como inseriu tecnologia e pautas sociais a partir de sua perspectiva, a fim de contribuir com o roteiro que é fruto de um trabalho coletivo entre Elísio Lopes Jr., Daniel Arcades, Igor Verde e colaboração de Luciana Souza, Bando de Teatro Olodum e Rafael Primot.

    “Quando a gente estava trabalhando nas últimas versões do roteiro, estava voltando do [Festival] SXSW. Foi exatamente o momento em que o mundo inteiro estava naquela discussão de que tudo agora se resolve no metaverso, vai ser tudo no metaverso”, relembrou ela.

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    Ela continua: “Estava muito estimulada a pensar 'Que metaverso é esse? Como é esse metaverso para nós, corpos, pessoas, mentes e histórias negras?'. Foi muito massa e desafiador poder refletir e pensar o metaverso como uma ferramenta a serviço do afrofuturismo", relembra.

    "Foi desse lugar que a gente conseguiu contribuir e vai se conectando com o slam, entendendo uma ferramenta afrofuturista que está a nosso serviço e a nosso dispor a tanto tempo. Olhando para a relação com a juventude, entendendo a importância da conexão intergeracional. Foi divertido pra caramba pensar em como retratar isso”.

    Palavra Assessoria

    Após citar o slam, espaço de manifesto e poesia promovido por jovens da periferia, ela relembra uma conversa inusitada com a diretora de arte sobre uma cena específica do longa. “Foi divertido dizer para a diretora de arte 'eu preciso de óculos de realidade virtual, só que eu quero em papelão e não o verdadeiro'. No slam era importante que não fossem os óculos tecnológicos, fossem algo que tivesse sido feito pelas mãos daqueles jovens e que retratasse a potência da tecnologia do mesmo lugar”, concluiu.

    Ó Paí, Ó 2
    Ó Paí, Ó 2
    Data de lançamento 23 de novembro de 2023
    Criador(es): Viviane Ferreira
    Com Lázaro Ramos, Luciana Souza, Érico Brás
    Usuários
    1,3
    Adorocinema
    3,0
    Assista agora em Telecine

    Ó Paí, Ó 2 está em cartaz nos cinemas.

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