Aos 80 anos, o diretor Martin Scorsese prova mais uma vez que tem TUDO o que é preciso com Assassinos da Lua das Flores, um drama magistral estrelado por Robert De Niro, Leonardo DiCaprio e Lily Gladstone. Embora a direção obviamente continue sendo sua área favorita, Scorsese também gosta de atuar.
Ele já fez pequenos papéis ou participações especiais em seus filmes (Taxi Driver, Touro Indomável, Caminhos Perigosos, Gangues de Nova York e A Invenção de Hugo Cabret). Até emprestou suas feições ao pintor Vincent Van Vogh no filme Sonhos, de Akira Kurosawa. Ele também estrelou ao lado de Robert De Niro em Culpado por Suspeita, de Irwin Winkler.
Aviso: o texto a seguir revela a cena final de Assassinos da Lua das Flores. Se você não quiser saber antes de ver o filme, não siga adiante.
O cineasta deu aos espectadores uma surpresa muito agradável ao aparecer pessoalmente na cena final de Assassinos da Lua das Flores. Em uma espécie de programa de rádio, Scorsese faz o papel de narrador. Ele conclui falando sobre o destino de Mollie (Lily Gladstone) após as sequências finais e o julgamento dos assassinos do povo Osage.
Essa surpreendente cena final ancora a obra na realidade de uma forma poderosa, sublimando o propósito do filme e o seu dever de recordação. Não é por acaso que Scorsese escolheu terminar o filme dessa forma. Embora as palavras do diretor concluam o filme, ele não estava sozinho nessa cena final.
Scorsese destaca a maneira como a história dos assassinatos do povo Osage foi distorcida. Embora o FBI tenha prendido alguns dos assassinos, eles não deixaram de ocultar uma parte inteira dessa terrível conspiração, que consistia em roubar a riqueza dos Osage e matá-los para se apoderar dela.
J. Edgar Hoover, fundador do FBI, assumiu o caso e obteve sucesso com algumas prisões sem nunca revelar a trama sombria contra os Osages. A verdade profunda levou muitos e muitos anos para ser revelada. A cena final demonstra o poder do ponto de vista e a maneira como a história é contada em uma determinada época.
Reconstrução da confiança
Ao tomar para si a responsabilidade de revelar o final da história, aquela que não honra a grande história americana, Scorsese esclarece as coisas. Nesse sentido, a comunidade Osage, por quem o diretor teve o maior respeito durante toda a produção do filme, falou de “confiança restaurada” após esse longa-metragem.
Standing Bear, chefe da nação Osage, disse o seguinte na coletiva de imprensa em Cannes: “Meu povo ainda está sofrendo hoje. Mas posso dizer, em nome da nação Osage, que Scorsese e sua equipe restauraram a confiança”.
Além disso, Scorsese não hesitou em jogar fora dois anos de trabalho para reescrever o roteiro. Depois de escrever um roteiro baseado no livro de David Grann, seguindo o ponto de vista de Tom White, o agente do FBI, ele percebeu que estava no caminho errado. Então decidiu começar do zero e contar a história do ponto de vista dos Osage, concentrando-se no relacionamento entre Mollie e Ernest (DiCaprio).
Scorsese também queria fazer uma referência a The Osage Indian Murders, o terceiro episódio de uma série de rádio chamada G-Men, que foi transmitido em 3 de agosto de 1935. O programa foi criado e produzido por Phillips Lord em colaboração com o FBI. Foi transmitido por 13 episódios antes de sair do ar em outubro de 1935.
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