A realidade do mundo da atuação está começando a se parecer muito com um episódio de Black Mirror. Pode ser que, quando os atores falam sobre os perigos da inteligência artificial, alguns sorriem, pensando que não é nada demais e que estão exagerando, mas a realidade é que, pouco antes da greve, produções tão grandes quanto Gladiador 2 já estavam escaneando atores para colocá-los aqui ou ali. E não é a primeira vez que isso acontece.
Continuação de Gladiador escaneou atores
A produção dirigida por Ridley Scott, que estava filmando em Malta quando foi interrompida pela greve do SAG, tinha figurantes sendo escaneados entre as tomadas em uma cabine cheia de câmeras, como revela o Times Of Malta.
"Se eles têm o seu rosto, você não sabe se ele vai acabar em um trailer, um filme ou um vídeo", lamentou um figurante que não sentiu que tinha a opção de recusar. Talvez seja por isso que as produtoras propuseram ao SAG que, como uma grande novidade, pedissem permissão aos atores para escaneá-los: elas nem sequer estavam dispostas a fazer isso.
Disney+
"Eles não explicaram por que estavam fazendo isso, pensamos que estavam nos levando para filmar outra cena", comentou outro figurante, que aparentemente será usado para preencher as lacunas em grandes cenas no Coliseu Romano, onde muitas pessoas precisam aparecer. Depois de escaneá-los, a equipe de filmagem os levava para a próxima filmagem ou os mandava para casa, sem mencionar o que aconteceu, como se fosse apenas mais uma rotina de Hollywood.
E, como os atores malteses não fazem parte de um sindicato, o setor vê a maneira perfeita de espremê-los e economizar dinheiro com isso. "Menos figurantes significa menos dias, menos preparação, menos equipamento e menos trabalho para todos", dizem eles.
Com a mesma bilheteria, é claro. O engraçado é que isso não é ficção científica, nem os atores estão pedindo em negociações por algo que nunca acontecerá. Na verdade, temos pelo menos um filme em que atores digitalizados apareceram em segundo plano por meio de inteligência artificial.
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O filme em questão é Um Pacto de Amizade, disponível no Disney+. Nele, na plateia do jogo de basquete de abertura, é possível ver pessoas se movendo de forma muito estranha, quase como se fossem personagens de The Sims ou não soubessem o que está acontecendo: são de fato atores digitalizados.
Parece puro horror, mas é o futuro do cinema, a menos que a greve seja bem-sucedida e eles tenham que parar de usar técnicas dessa forma. Recentemente, Napoleão e A Última Viagem de Demeter também foram adotaram esses métodos. A ideia? Pagar por um dia de trabalho e usá-lo constantemente em outros trabalhos. Definitivamente, existe muito ser repensado em Hollywood e, felizmente, os roteiristas e atores conseguiram lidar com isso bem a tempo.
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