No Cine Odeon, em última noite de Festival do Rio, sob uma bandeira verde estendida no palco, a diretora de Levante, Lillah Halla, pede para as luzes do cinema se apagarem. Depois, orienta para que todes presentes fiquem com os celulares a postos: que acendesse a lanterna do aparelho quem já precisou realizar um aborto. Algumas luzes. Depois, questionou, “quem aqui conhece alguém que já precisou fazer um aborto?” e quase todos os celulares do Odeon se acenderam.
Assim chegou Levante, filme que já havia sido premiado em Cannes e se tornou um dos grandes destaques desta 25º edição do Festival do Rio. Na grande bandeira verde estendida no palco do Odeon, lia-se: “Aborto legal, seguro e gratuito para todes!” e toda a equipe carregava em seus pulsos, o lema “nem presa, nem morta”.
No debate realizado após a sessão, no penúltimo dia de Festival, alguns dados relevantes foram ressaltados. Segundo as realizadoras, 1 em cada 7 mulheres já fizeram aborto no Brasil. Foi pensando nestas pessoas que gestam, em especial as mais jovens, que Levante trabalha a problemática da falta de acesso a esse direito no Brasil.
"Aborto", uma palavra quase proibida, em Levante é apresentada repetidamente, atravessando diferentes gerações que experimentam a violência do patriarcado. O momento não poderia ser mais propício: após 8 anos de concepção do filme, ele faz sua première nacional no Festival enquanto corre no STF, à época em que essa reportagem está sendo escrita, a proposta pela descriminalização do aborto no Brasil.
Através do afeto - porque Levante é, acima de tudo, uma narrativa de afeto e as vulnerabilidades da adolescência - a diretora ressalta a importância da educação sexual. Protagonizado por jovens talentos como Ayomi Domenica Dias, Levante ainda não tem data para chegar aos cinemas.
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