A máxima de que ninguém faz cinema sozinho, é frequentemente ouvida na voz de diferentes realizadores. Mas em A Festa de Léo, primeiro filme do Nós do Morro, exibido nesta 25º edição do Festival do Rio - Premiére Brasil - essa frase ganha uma sinceridade (e uma magia) a mais.
O Nós do Morro começa em 1986, como formação de atores. Mas só em 1996, através da autora Rosane Svartman, o núcleo que possui suas raízes no Vidigal, Rio de Janeiro, ganha ainda mais impulso. Participando ativamente da chamada retomada do cinema nacional, jovens talentos do Nós do Morro foram conquistando espaço, e é seguro dizer, que cada grande produção brasileira das últimas duas décadas, contava com pelo menos 1 talento do Vidigal - vide nomes como Roberta Rodrigues, Thiago Martins, Jonathan Haagensen, Mary Sheyla, Babu Santana, entre muitos outros.
Para a dupla de diretores de A Festa de Léo, Luciana Bezerra e Gustavo Melo, a importância deste primeiro filme efetivamente realizado pelo Nós do Morro, celebra as dezenas de atores formados nesse espaço, e também é uma oportunidade de homenagear as mulheres do Vidigal.
Fazer cinema é revolucionário. Fazer arte é revolucionário. Nós vencemos [...] O cinema é revolucionário porque esse filme gerou 900 empregos
Nego Ney, o grande protagonista do longa-metragem, não escondeu o entusiasmo com o seu primeiro papel no cinema, e também em entrevista ao AdoroCinema, garantiu que começar nesta jornada é de deixar o coração "a milhão". Quem interpreta a mãe de "Léo" é Cíntia Rosa, que deu vida à, em suas palavras, uma mulher que poderia ser sua mãe, sua vó ou sua vizinha.
Cíntia busca em um lugar muito particular e sensível, essas figuras femininas, que coletivamente constroem redes de apoio, e criam "as crianças da comunidade inteira". "São essas mulheres a base do Brasil", afirma.
Além de Rosane Svartman, os cineastas Cacá Diegues e Jorge Furtado são citados como grandes padrinhos na trajetória do Nós do Morro. Mas a potência do coletivo se manifesta na tela do cinema: em um Estação Gávea lotado, chamava a atenção que quase metade das pessoas presentes, estavam, de alguma forma, envolvidas no projeto. O que tornava o simples ato de ler os créditos finais, uma experiência de se ver e ser visto - na arte e no mundo.
Os olhos atentos na tela, se deram após as palavras da diretora Luciana Bezerra preencherem o espaço com um quase êxtase. Para a diretora, que assume gostar de "ver gente de verdade na tela", o cinema não pode ser de um Brasil só. Correm os créditos, e a sala inteira canta junto a música final: o samba Conselho, de Almir Guineto.
"Tem que lutar, não se abater..."
*Quer ficar sempre por dentro das novidades dos filmes e séries e receber oportunidades exclusivas que só o AdoroCinema pode te proporcionar? Participe do nosso Canal de Transmissão no WhatsApp e torne-se um Adorer de Carteirinha!