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    Se você assistir a este filme coreano de outro jeito, estará assistindo errado: Uma comédia ácida que polemizou e foi parar nos tribunais
    Nathalia Jesus
    Nathalia Jesus
    -Redatora e crítica
    Jornalista apaixonada por cinema, televisão e reality show duvidoso. Grande entusiasta de dramas coreanos e tudo o que tiver o dedo de Phoebe Waller-Bridge.

    Exibido no Festival do Rio 2023, Cobweb tem um elenco repleto de estrelas e é um filme sobre cinema.

    O Festival do Rio 2023 segue a todo vapor e na tarde de ontem (8), tive o prazer de assistir a um filme coreano impressionante que passou por Cannes antes de vir para o Brasil. Estou falando de Cobweb (Geomijip, no original), uma comédia ácida que satiriza a magia do cinema, a tentativa de criar algo genial para ter o ego massageado e todos os imbróglios de um set de filme.

    A história acompanha Kim Kiyeol, interpretado por Song Kang Ho (Parasita), um diretor de cinema que começa a ter sonhos vívidos após terminar de gravar seu longa-metragem mais recente. Acreditando ter um sucesso em sua mente, ele decide reescrever e regravar um final alternativo para tornar seu filme em uma verdadeira obra-prima.

    Em dois dias, ele precisa fazer as regravações, mesmo que o filme não tenha sido aprovado pela censura e os atores, com agenda apertada e já envolvidos em outro projeto, não entendam o novo desfecho da trama.

    Geomijip
    Geomijip
    Criador(es): Kim Jee-Woon
    Com Park Jung-soo, Krystal Jung, Jung-se Oh

    Cobweb tem maneiras particulares de ser assistido e eu indico uma que deu super certo para mim e tornou a experiência ainda melhor: você tem que prestar atenção na história do filme que está sendo refeito na tela (o corte final), as cenas que estão sendo gravadas no set dentro do filme e, também, no próprio longa-metragem que você foi ver no cinema — o Cobweb, de fato. O enredo é tão impressionante justamente porque são três em um.

    Dirigido por Kim Jeewoon, o elenco do filme é formado por grandes estrelas como Jeon Yeo Been (Vincenzo), Krystal Jung (Sweet & Sour) e Oh Jung Se (Tudo Bem Não Ser Normal).

    O filme enfrenta uma briga judicial

    Tirando a exibição exclusiva no Festival do Rio, o longa-metragem ainda não tem data de estreia no Brasil — e quase não lança em lugar nenhum. Isso porque a história do diretor retratado em Cobweb foi comparada com a vida do falecido Kim Ki Young, um dos cineastas mais conhecidos da Coreia pré-democrática.

    Por este motivo, a família do diretor do clássico Hanyo, a Empregada (1960) achou a representação negativa e processou a produtora Anthology Studios, solicitando que o filme fosse impedido de ser lançado.

    Em setembro deste ano, aconteceu uma audiência no Tribunal Distrital Central de Seul, na Coreia do Sul, em que o representante da família de Kim Ki Young disse que até o nome do protagonista e sua aparência era baseada no finado cineasta. Além disso, o personagem também usava óculos e, antes da edição, fumava cachimbo como Ki Young.

    Até o diretor Kim Jeewoon, que fez o filme, disse em uma entrevista anterior que tomou o falecido diretor Kim Ki-young como [uma inspiração]

    Kim Jeewoon, no entanto, defendeu que o filme não é a biografia de uma pessoa real e que o personagem é uma composição de vários cineastas daquela época.

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