Nem mesmo as estrelas mais famosas de Hollywood, por vezes, conseguem lidar com os grandes estúdios. Se os astros que veneramos devem sua fama, em parte, às empresas que os contratam, em uma rotineira situação de queda de braço, quem costuma ter mais vantagem são as companhias - mesmo que do outro lado esteja Bruce Willis.
Dito isso, em meados da década de 1990, Willis já havia se tornando um dos nomes mais badalados da indústria, carregando no currículo títulos como Duro de Matar, Pulp Fiction, Os 12 Macacos, O Quinto Elemento e mais. Como queria ampliar seu espectro de personagens, ele, então, embarcou em uma comédia romântica nomeada Broadway Brawler, dirigida por Lee Grant, uma atriz renomada que estava há uma década sem trabalhar e passou a tentar a sorte como cineasta.
Na trama, Willis era um jogador de hóquei fracassado que acaba se apaixonando por uma personagem vivida pela atriz Maura Tierney - mas algo não convenceu o ator, que resolveu mandar tudo para o alto logo no primeiro mês de gravação.
"Não quero vê-lo balançando na piscina": Bruce Willis explica como foi enganado para ficar nu em filme massacrado pela crítica e pelo públicoAs diferenças entre Willis e Grant foram palpáveis desde o início, ocorrendo de as filmagens serem uma briga constante. Após aproximadamente dois anos de pré-produção e vinte dias de gravações, o trabalho foi interrompido devido ao ambiente amargo no set. Willis estava insatisfeito com o desempenho de diversos membros da equipe, incluindo o diretor de fotografia, William A. Fraker; a designer de guarda-roupa, Carol Oditz; Grant e o co-produtor de Willis (e marido de Grant), Joe Feury - todos demitidos, ao lado de outros membros do elenco e da equipe técnica.
Desta forma, a Cinergi Pictures, que já havia investido US$25 milhões quando o problema surgiu, não teve escolha a não ser encerrar a produção. Joe Roth, um dos executivos do estúdio, interveio após o cancelamento e confrontou Willis quando ninguém mais o fez, fechando um contrato para que o astro rodasse três filmes futuros com a Disney - empresa-mãe da Cinergi - com um salário bastante reduzido.
No fim das contas, o ator acabou tendo sorte. O primeiro longa-metragem desse acordo foi Armageddon, um marco da ficção científica assinado por Michael Bay - e pelo qual Willis recebeu “meros” US$3 milhões. Em seguida, foi a vez de O Sexto Sentido, um dos suspenses mais aclamados da história. Para finalizar, Duas Vidas fechou o acordo, um filme que é lembrado por muitos com carinho.