Aos 80 anos de idade, Martin Scorsese acaba de lançar um novo filme (o aguardado Assassinos da Lua das Flores), tem milhares de ideias na cabeça e fala continuamente sobre o que move sua vida: o cinema. Embora tenha caído na mais banal polêmica com sua opinião sobre a Marvel e os blockbusters, ele nunca deixou de dar sua opinião mais sincera sobre o mundo audiovisual que nos cerca.
Chega de listas dos melhore?
O diretor de Os Bons Companheiros foi entrevistado pela revista Time sobre algo que é impossível não nos impressionar: seus dez filmes favoritos. Mas, como sempre acontece com Scorsese, a resposta não é a que você estava esperando, mas uma resposta ainda melhor, que abre sua mente.
"Ao longo dos anos, tentei fazer listas de filmes que pessoalmente considero meus favoritos, seja lá o que isso signifique. E então descubro que a palavra 'favorito' tem diferentes níveis: os filmes que mais me impressionaram, os que gosto de assistir repetidamente, os que continuo assistindo e aprendendo com eles, ou experimentando de novo. Eles são variados. E eu sempre sou mais ou menos contra as listas dos 10 melhores".
Felizmente, isso não o impede de falar sobre os filmes que mais gosta, como Orson Welles e, é claro, Cidadão Kane. "Ele mudou minha vida. Quebrou todas as regras. Uma das coisas que Orson Welles disse foi que uma das melhores coisas que você pode trazer para o cinema é a ignorância. Quando lhe dizem que você não pode fazer algo, por que não?", diz ele.
Em seguida, ele continua com filmes como Falstaff, O Processo (e como uma de suas tomadas inspirou outras em Kundun e Assassinos da Lua das Flores), filmes de Kubrick como 2001: Uma Odisseia no Espaço ou Barry Lyndon, de Roberto Rossellini, como Paisa ou The Flowers of St. Francis, bem como The River (Jean Renoir), Contos da Lua Vaga (Kenji Mizoguchi),Céu e Inferno (Akira Kurosawa) e um bom punhado de outros clássicos para entender o cinema como ele deve ser entendido.
O melhor filme brasileiro de todos os tempos foi resgatado por Martin Scorsese; diretor já declarou ser fã do cinema nacional"Deveria haver uma cultura cinematográfica, você sabe, mas agora ela está toda fragmentada e quebrada. Nem todos nós gostamos de musicais. Nem todos gostamos de faroeste. Nem todos gostamos de filmes de gângsteres ou de filmes noir. Mas naquela época você ia ao cinema e era isso que eles ofereciam", lamenta.