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    Retratos Fantasmas é o candidato do Brasil ao Oscar 2024 e cineasta explica como filmes são escolhidos: “O melhor, mas não só isso” (Entrevista)
    Aline Pereira
    Aline Pereira
    -Editora-chefe
    Jornalista que ama boas histórias e combina a paixão por cinema e TV com comunicação para mergulhar ainda mais nos universos e personagens que já fazem brilhar os olhos. Pipoca, terror, dramédia e uma pitada de reality são a receita perfeita para todos os dias.

    Academia Brasileira anunciou longa nacional que tentará vaga na categoria de Melhor Filme Internacional e o AdoroCinema conversou com o cineasta Hsu Chien, membro da Comissão.

    Nesta terça-feira (12), a Academia Brasileira de Cinema e Artes Audiovisuais anunciou que Retratos Fantasmas é o filme escolhido para representar o Brasil no Oscar 2024 e vai disputar uma vaga na categoria de Melhor Filme Internacional. O longa, assinado por Kleber Mendonça Filho, vem de uma lista de seis produções pré-selecionadas e é resultado de um trabalho minucioso e desafiador – como contou o diretor Hsu Chien, membro da Academia Brasileira, em entrevista ao AdoroCinema.

    Retratos Fantasmas é um documentário com elementos de ficção ambientado no centro do Recife, durante o século 20. Na obra, que foi trabalhada por quase dez anos, Kleber Mendonça Filho (Bacurau) reúne vídeos e fotografias impressionantes de arquivos públicos e do próprio cineasta para explorar as mudanças do ambiente urbano com o passar dos anos, a partir de suas memórias com os cinemas de rua da região - leia a crítica completa do AdoroCinema.

    Retratos Fantasmas
    Retratos Fantasmas
    Data de lançamento 24 de agosto de 2023 | 1h 33min
    Criador(es): Kleber Mendonça Filho
    Com Kleber Mendonça Filho
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    Adorocinema
    4,0
    Assistir em streaming

    Como é escolhido o filme que representa o Brasil no Oscar?

    Neste ano, 28 filmes foram inscritos e Hsu nos explicou que o processo de seleção entre eles é feito por etapas e leva em consideração fatores que combinam tanto a qualidade artística do longa, quanto o potencial de alcance internacional. "Escolhemos os melhores filmes, que mais nos agradaram, mas não só isso: o filme também precisa estar capacitado para ter uma boa distribuição fora do país”, conta o diretor de Desapega!, com Glória Pires e Maisa.

    Vitrine Filmes
    Retratos Fantasmas

    Isso significa que, além de ser um bom filme por si só, a produção pode ter mais chances, é claro, de chegar aos olhos da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood, que seleciona os filmes candidatos ao Oscar. Portanto, além da excelência em roteiro, direção, elenco e outros aspectos técnicos e artísticos , há também uma espécie de pensamento lógico.

    “O filme precisa ter distribuição para não morrer na praia. Qualquer filme estrangeiro, assim que é anunciado como representante de seu país, tem seu próprio distribuidor fazendo tudo o que tiver direito para que a produção exista comercialmente. Esta é uma das pautas da seleção”, pontua Hsu.

    Diversidade também é fator importante

    A partir de 2024, o Oscar atualiza uma série de critérios para que a pluralidade de equipes e atores do mundo seja incentivada na premiação. As mudanças incluem exigências na participação de minorias tanto entre artistas, quanto entre profissionais técnicos em todas as instâncias, inclusive na liderança.

    As novas diretrizes também foram avaliadas para a escolha dos filmes brasileiros desde os pré-selecionados. “É muito importante a questão da diversidade na frente e atrás das câmeras. Então é a qualidade técnica – o roteiro, fotografia, arte –, tudo isso aliado à questão da diversidade, que é uma pauta do Oscar agora”, diz Hsu Chien.

    A Comissão que seleciona o longa escolhido para tentar a vaga de Melhor Filme Estrangeiro no Oscar é formada por 25 profissionais de diversas áreas da indústria audiovisual, como diretores, atores e críticos de cinema. Hsu nos conta que após assistir aos filmes inscritos, o grupo se reúne mais de uma vez para debater antes da decisão final – uma missão que, como é de se imaginar, não é fácil.

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    Retratos Fantasmas

    “A reunião ali é quente, viu?”, brinca o diretor. “Cada um é cada um. Tenho meu gosto, mas desde o início fica claro que precisa ser o filme de que gostamos aliado a outras pautas da premiação. Não existe fórmula, então vamos tentando entender o que o filme [escolhido] poderia representar no ano. Cada pessoa da Comissão dá seu argumento e isso é muito legal (...) Entre uma reunião e outra pesquisamos muito [sobre os filmes selecionados]”, diz.

    “Bolão do Oscar”

    Se você, leitor, é do tipo que todo ano se dá bem no bolão para apostar nos vencedores do Oscar, provavelmente é porque consegue equilibrar bem o lado emocional e o racional ao fazer suas escolhas. Hsu Chein brinca com essa tradição já popular entre fãs de cinema.

    “Sou muito cinéfilo. Todo ano eu participo de bolão do Oscar e normalmente ganho”, conta. “É claro que seu coração está lá [na escolha], mas aliado ao pensamento e às variações ano a ano. Por exemplo: o que está acontecendo no mundo agora? Tem toda a questão política, social, econômica do mundo”, ressalta.

    Por que é relevante ter um filme brasileiro no Oscar?

    O burburinho em torno do filme escolhido e dos pré-selecionados é um bom impulso para a divulgação da produção e, consequentemente, é claro, para o fortalecimento do cinema brasileiro. Basta lembrar que, por exemplo, o projeto que previa a retomada das Cotas de Tela para filmes brasileiros foi postergado recentemente. As produções nacionais enfrentam uma concorrência desequilibrada com filmes internacionais – uma prática contrária a diversos outros países, que procuram incentivar sua própria indústria.

    “É importante que o filme ‘aconteça’ comercialmente e possa abrir os olhos dos exibidores. Nossa missão agora é resgatar um público que deixou de ir às salas de cinema – principalmente o brasileiro assistindo a filmes brasileiros”, pontua.

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