Não é nada fácil trazer obras literárias para outras mídias. Apesar disso, realizadores não se acanham diante de grandes livros e, desde que o cinema existe, existem adaptações do gênero. Quem entrou nessa empreitada há cerca de sete anos, mas só viu seu projeto nascer agora é Aitch Alberto, diretora de Aristóteles e Dante Descobrem os Segredos do Universo.
A trama acompanha os jovens Aristóteles e Dante em um verão tedioso. Unidos pelo acaso, e completamente diferentes um do outro, os dois iniciam uma amizade especial, do tipo que muda a vida das pessoas e dura para sempre. E é através dessa amizade que Ari e Dante vão descobrir mais sobre si mesmos - e sobre o tipo de pessoa que querem ser.
Para ver no streaming: 9 animações indispensáveis com personagens LGBTQIAP+Baseado no livro de Benjamin Alire Sáenz, lançado em fevereiro de 2012, o longa chegou ao mercado internacional recentemente, após fazer uma passagem por alguns festivais e ganhar distribuição comercial. Atualmente com 92% de aprovação no Rotten Tomatoes, o projeto tem se destacado por apresentar uma narrativa queer recheada de complexidade e muita delicadeza.
Em entrevista ao The Hollywood Reporter, a realizadora citou alguns detalhes sobre como criar essa adaptação. O período de produção do filme existe quase pelo mesmo período de existência do livro e o processo aconteceu durante a transição de gênero da diretora. "Foi uma jornada de sete anos para chegar ao set. Eu fiz a transição durante a produção deste filme. Eu estava tão desesperada para conseguir porque pensei que seria uma resposta para eu continuar a fingir e evitar a verdade sobre quem eu sou", revelou a cineasta.
"O universo estava esperando que eu percorresse minha verdade, para que eu pudesse estar pronta para contar essa história. Se você olhar para o meu trabalho anterior, é muito irado. É tão violento. Esta história exigia uma lente gentil enraizada e nada além do amor. Se eu não tivesse passado pela mesma jornada que Ari passa no livro e no filme, eu não seria capaz de olhar para isso como é agora", completou ela.
Ainda sobre o poder dessa narrativa e da trama vista no livro, Aitch destaca a principal ideia do projeto. "Levei 34 anos para fazer a transição. Pensei na minha identidade, no meu gênero, todos os dias durante esses 34 anos. Mas cresci numa cultura e numa sociedade que me dizia que eu estava errada por sentir isso", disse ela.
A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas: Você sabia que essa é a primeira animação da Sony a ter personagem LGBTQ+?"Quero que as pessoas assistam isso e tenham certeza de que estão bem por sentirem o que sentem. É possível amar com delicadeza e sem questionar. Às vezes você precisa de alguém que lhe dê permissão para fazer isso. É isso que esta história é. Esperançosamente, é dar permissão para que as pessoas se vejam não como um 'outro', mas como um ser humano expansivo que é possível em qualquer coisa quando você escolhe o amor em vez do medo. O medo está enraizado na vergonha, e foi isso que me impediu", conclui.
De acordo com o Filme B, Aristóteles e Dante descobrem os segredos do Universo chega aos cinemas brasileiros em 16 de novembro.