Ambientado em 1897, Cyrano Mon Amour conta a história do escritor Edmond Rostand (Thomas Solivérès), que não tinha nem 30 anos de idade ainda, mas já tinha dois filhos para alimentar - e não escrevia absolutamente nada há dois anos. Em pânico e angustiado, ele procura o ator Constant Coquelin (Olivier Gourmet), a quem propõe uma nova peça, uma comédia heroica a ser entregue na época das festas. Só tem um problema: ele ainda não a escreveu.
Ninguém acreditou nele, mas Edmond se dedicou a escrever a peça, apesar dos altos e baixos da vida que tentaram desviá-lo dessa tarefa, que era vital para sua vida e mudaria seu destino. Essa peça viria a ser o clássico francês Cyrano de Bergerac.
Antes de ser filme, Cyrano Mon Amour foi uma peça escrita e dirigida por Alexis Michalik. Inspirado em Shakespeare Apaixonado, explora a criação de uma das principais obras da herança literária francesa, mas tira o pó da forma com uma comédia animada que se desenrola em um ritmo frenético. É esse espírito que se encontra no filme, também assinado por Michalik.
Longe de ser uma cinebiografia de formato americano, Cyrano Mon Amour refaz a criação da peça, que é encenada antes que seu autor tenha escrito uma única linha. O tom, portanto, brinca com a diferença de interpretação entre Coquelin, que vai interpretar Cyrano e está cheio de entusiasmo porque não tem escolha (ele está endividado como nunca antes), e Rostand, que está desesperado à medida que o projeto avança porque não tem nenhuma peça pronta.
Acontecimentos positivos e negativos sucedem-se e Solivérès desmorona gradualmente e, ao mesmo tempo, o espectador descobre que ele extrai elementos da sua vida privada e os injeta na peça.
Não é necessário ter lido Cyrano de Bergerac para apreciar Cyrano Mon Amour, que se devora com avidez, ao mesmo tempo que mergulha numa época e numa história real (certamente ficcionalizada), mas permanece perfeitamente credível. Um verdadeiro deleite!