Mussum é uma figura mais do que conhecida a eternizada na televisão brasileira, mas é provável que você não saiba muito sobre quem foi Antônio Carlos Bernardes Gomes. O nome artístico veio do muçum, uma espécie de peixe lisa e escorregadia – e é assim que o lendário Grande Otelo definiu Antônio Carlos ao apelidá-lo desta forma. Este é só um dos “detalhes” da vida do ator retratados em Mussum - O Filmis: em entrevista ao AdoroCinema, protagonista e diretor falam sobre a abordagem do “homem além do comediante” representada no longa.
Vencedor dos prêmios de Melhor Filme pelo júri oficial e pelo júri popular no Festival de Gramado, Mussum - O Filmis é estrelado por Ailton Graça, que contou ter se preparado durante quase uma década para este trabalho. “Foi difícil, mas é um processo que já tem nove anos. Então, durante nove anos mergulhamos, tivemos uma imersão no processo de pesquisa, de ouvir pessoas, assistir documentários, ler e conversar com a direção e produção sobre como faríamos esta construção”, explicou.
Antônio Carlos além do Mussum
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O “filmis” acompanha a história de Mussum na infância, criado pela mãe (interpretada por Cacau Protásio e Neusa Borges), até o sucesso explosivo de Os Trapalhões. Na trajetória, a paixão do artista pela música e as escolhas complexas que precisou fazer em nome da carreira e da família se mesclam a encontro com outros grandes nomes brasileiros – como Cartola e Elza Soares – que foram grandes influências. Quase 30 anos após a morte de Mussum, o longa é uma homenagem comovente.
“O público vai descobrir junto com a gente quem é o Antônio Carlos. Quem é esse cara que foi fundamental num processo pós-ditadura e que colocou a música brasileira em um lugar ainda não percorrido. Antônio Carlos é um cara super sensível, tinha pautas precisas na maneira como construiu a carreira dele, como fez as escolhas. Você vai encontrar o Antônio Carlos que tinha já dentro dele o Mussum”, conta Ailton. De fato, a trajetória de Mussum no grupo Originais do Samba é uma porção importante da história. “Sou mangueirense por causa dele”, emenda o ator.
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Com esta abordagem, a produção também procura desmistificar ideias equivocadas que se estabeleceram sobre mussum no imaginário popular. “Ah, ‘que morreu sem grana’, ‘tinha o alcoolismo’. Nada disso era verdade. Ele sempre foi uma pessoa alegre, que passou por dificuldades, mas soube ultrapassá-las através da alegria. Eu tinha uma preocupação muito grande em mostrar o Antônio Carlos fora desses estereótipos”, diz o diretor Silvio Guindane ao AdoroCinema.
Não é um filme sobre os Trapalhões
Outra grande preocupação do cineasta, ele revela, diz respeito à participação dos Trapalhões na história. É claro que o grupo foi parte fundamental da vida e da carreira de Mussum e estão no filme, mas não como o centro da trama. “Isso foi uma preocupação desde o início sim, de ser um filme sobre o Mussum. Quisemos focar realmente na trajetória dos acontecimentos que levaram aquele menino que nasceu lá na favela da Cachoeirinha, que foi para a aeronáutica, para a Mangueira, montou os Originais e que virou esse esse rei da comédia”, pontua.
Dentro dos Trapalhões, destaca o diretor, Mussum talvez fosse o integrante mais próximo da realidade dos brasileiros. “Um palhaço formidável, inteligente e o mais próximo do povo né? O mais próximo do espectador que assistia TV aberta. Esse personagem que ele criou batizado pelo Grande Otelo com ajuda de Chico Anysio levava alegria para as pessoas após horas e horas de trabalho, para se identificarem e sorrirem com ele”, conclui Guinande.
Mussum - O Filmis estreia em 2 de novembro nos cinemas.