Mar em Fúria teve seus altos e baixos com a crítica quando foi lançado. Para alguns, o filme é uma bomba; para outros, os efeitos visuais se salvam, e o resultado final é engenhoso. Dirigido por Wolfgang Petersen – conhecido pelos longas Das Boot (1981) e Troia (2004) – e com George Clooney, Mark Wahlberg, John C. Reilly e Diane Lane no elenco, não parecia mesmo ruim. O que ninguém esperava era que a produção fosse alvo de um processo judicial que durou nada mais, nada menos do que 14 anos.
A trama é bastante simples: o capitão Billy Tyne tem uma temporada de pesca ruim e decide ir para Cape Flemish, que está cheio de peixes. Ele parece ter sorte lá, mas os elementos do clima não vão deixá-lo voltar para casa tão facilmente. Uma tempestade tropical, furacões, mar agitado... Os homens de Tyne têm que estar preparados para tudo.
Acontece que, logo após o lançamento, as duas filhas e esposa do verdadeiro Capitão Tyne – interpretado por Clooney – apresentaram uma queixa contra a Warner Bros. A reclamação deles era que a obra havia se afastado muito da realidade.
Jodi Tyne criticou particularmente os roteiristas por alterarem os fatos da vida de seu marido para torná-los mais atraentes comercialmente. Segundo ela, Billy não era o valentão que o filme mostra, muito menos alguém que zombava de sua equipe. Além disso, ela argumenta que seu esposo nunca teria arriscado a integridade de um grupo para transportar uma carga com segurança em meio a uma tempestade sem precedentes.
Amparadas pelo Tribunal da Flórida, cuja lei protege as pessoas de deturpar alguém para promover um produto ou empreendimento comercial, Jodi e suas filhas buscaram uma compensação financeira. E não foram as únicas: outras famílias anônimas processaram os produtores alegando que eles usaram seus nomes sem permissão e mudaram os acontecimentos.
A resposta do estudo foi imediata. Eles se apegaram à Primeira Emenda americana, que diz respeito à liberdade de expressão. A defesa sustentou que, embora seja oficialmente baseado na história do capitão Tyne, é parcialmente fictício, o que estaria de acordo com a Constituição do país.
Quatorze anos de julgamentos intermináveis fizeram com que o caso fosse parar na Suprema Corte da Flórida. Com 6 votos a 1, a Warner saiu vitoriosa no dia 7 de junho de 2014.