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    Esse filme de ficção científica alertou sobre o que os atores enfrentariam com a IA há quase 10 anos
    Giovanni Rodrigues
    Giovanni Rodrigues
    -Redação
    Já fui aspirante a x-men, caça-vampiros e paleontólogo. Contudo, me contentei em seguir como jornalista. É o misto perfeito entre saber de tudo um pouquinho e falar sobre sua obsessão por nichos que aparentemente ninguém liga (ligam sim).

    Um dos motivos pelos quais eles estão em greve...

    Recentemente, os atores de Hollywood declararam greve na companhia dos roteiristas, que vêm protestando há semanas, depois de não conseguirem chegar a um acordo com os principais estúdios sobre o futuro do setor. Muitas são as questões sobre quais houve discordância, como a compensação financeira pelo trabalho em plataformas de streaming ou a transparência com os dados, mas uma das questões que mais os alarmou foi o uso da Inteligência Artificial.

    Entre as exigências dos grandes estúdios estava o poder de escanear a aparência física dos atores, especialmente dos figurantes, para poder usá-la conforme sua conveniência com a tecnologia e pagar apenas por um dia de trabalho. Uma nova realidade que os aterroriza, embora já tenha sido descrita em um dos melhores filmes de ficção científica da última década: O Congresso Futurista.

    O Congresso Futurista
    O Congresso Futurista
    Data de lançamento 27 de março de 2014 | 2h 03min
    Criador(es): Ari Folman
    Com Robin Wright, Harvey Keitel, Danny Huston
    Imprensa
    3,3
    Usuários
    3,4
    Adorocinema
    4,0

    Baseado no romance The futurological congress, de Stanislaw Lem, o filme conta a história de uma atriz, interpretada por Robin Wright, que passa por dificuldades financeiras e precisa aceitar uma oferta inusitada dos estúdios. O acordo é que, em troca de uma quantia generosa, esses estúdios poderão gerar uma cópia digital dela, que será usada em quantos filmes eles quiserem, como quiserem.

    Chien et Loup

    O filme conta essa primeira metade em live-action, enquanto na segunda metade muda para animação para refletir a transformação da sociedade em algo mais abstrato e até irreal, onde as imagens se tornam algo em que não se pode mais confiar. Uma ousadia estilística que nos alerta muito bem sobre o que pode nos aguardar com a geração indiscriminada de imagens.

    A PERIGOSA REALIDADE ARTIFICIAL

    Há muita fantasia em sua premissa e execução, mas não há dúvida de que, nos quase dez anos desde sua estreia, estamos nos aproximando progressivamente de sua ideia central. Um filme em que os estúdios exploram impiedosamente aspectos idiossincráticos de seus atores, como seus rostos e movimentos, para criar um entretenimento interminável, mas cada vez mais insubstancial.

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    Essa é uma das coisas contra as quais os atores querem lutar nessa greve histórica, a primeira em 60 anos em que eles se unem aos roteiristas para exigir condições mais justas. E é bom que o façam, pois já vimos casos em que uma atriz em Expresso do Amanhã denunciou que um dia estava sendo escaneada sem saber o motivo, ou atores como Jet Li se recusaram a aparecer nas sequências de Matrix porque queriam criar um arquivo digital com todos os seus movimentos e sua aparência. Os sinais estão aí.

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