Há 20 anos, Rogério Cardoso Furtado nos deixava. Presente na vida dos público desde 1958, quando iniciou sua carreira no teatro, o ator, produtor, locutor e compositor brasileiro teve uma grandiosa trajetória nos palcos, nos estúdios, nas telas e no coração do Brasil.
Seis anos antes de começar a atuar, ele deixou a faculdade de odontologia para trabalhar como contrarregra no rádio. Depois de se apaixonar pelas artes do espetáculo e da encenação, esteve em inúmeras peças até se encontrar na TV, principalmente com programas humorísticos. Nessa época, passou por A Cidade se Diverte, Moacyr Franco Show, Praça da Alegria e Times Square.
Conhecido por promover o riso com sua irreverência, Rogério teve sua vida marcada por grandes personagens, principalmente nos papéis mergulhados no humor, como é o caso do estudante Rolando Lero, da Escolinha do Professor Raimundo, eternizado pelo bordão "Captei Vossa Mensagem Amado Guru!". Ele ainda é lembrado por Salgadinho, de Explode Coração, Padre João de O Auto da Compadecida, e Epitáfio, do Zorra Total,
10 séries brasileiras que viraram filmesSeu último trabalho foi na TV Globo, em uma das séries mais extensas da televisão brasileira, A Grande Família. Rogério dava vida a Floriano Souza (Seu Flor), o pai de Nenê (Marieta Severo) - um típico aposentado que chegou ao momento de viver uma vida tranquila, mas que eventualmente se arrumava briga com Agostinho ou, até mesmo, com os outros personagens. Além da amada filha, ele dinamizava com frequência com o neto Tuco (Lucio Mauro Filho), com quem dividia ótimos momentos de comédia.
A despedida de Seu Flor em A Grande Família
Em 2003, ano de sua morte, o ator estava no elenco fixo da produção. Rogério faleceu vítima de um infarto fulminante em 24 de julho, aos 66 anos, em sua casa em Copacabana, zona sul do Rio de Janeiro. Na data, os atores do projeto gravaram uma singela homenagem, veiculada antes da exibição do episódio da data. O personagem, assim como seu intérprete, faleceu e teve sua memória resguardada pela “Grande Família”.
“A morte dele foi muito maluca. A gente gravou até meia-noite, a gente rindo bastante. Estava ensaiando uma peça de manhã, que não é fácil. Estava no carro indo pro teatro, parado no sinal, e um taxista olhou pra mim com cara de triste. Não me importei, e dois sinais depois, uma moça olhou pra mim e também fez cara de tristeza”, recordou Lucio Mauro Filho em sua recente participação no podcast Podpah.
Depois de descobrir o ocorrido, ele, a equipe e o elenco ainda precisavam decidir o que fazer. “Fomos para a Globo para decidir se o programa ia continuar. Quando me perguntaram se queria continuar, eu disse não. Sabe aquela música ‘naquela mesa está faltando ele’, como nós vamos sentar naquela mesa e gravar e o Rogério não estar ali? Fizemos uma votação e fui voto vencido, graças a Deus”, disse.
“No dia que voltamos ao estúdio, a gravação foi cancelada. Era o câmera que não conseguia fazer foco, outro câmera tremendo, equipe chorando. ‘A Grande Família’ era uma grande família mesmo, que incluía todo mundo. Decidir com os autores foi difícil”.
Aos 37 anos, astro de Central do Brasil passou despercebido em séries famosas da Netflix e do Globoplay - mas ainda lembra o menino do filme de 1997Dez anos depois, a série fez um episódio-tributo ao ator e ao personagem, intitulado “Um Homem Chamado Floriano”. Nele, os personagens encontram uma caixa repleta de recordações e Nenê mostra ao neto quem foi o vovô Floriano. Entre flashbacks e trechos atuais, uma bela homenagem se desdobrou na tela. O capítulo está disponível no Globoplay, trata-se do 16º capítulo da 13ª temporada.
20 anos depois, fica o legado de Rogério Cardoso eternizado em suas performances na telinha e, também, no imaginário do público brasileiro.