Barbie está em exibição nos cinemas brasileiros, com Margot Robbie assumindo o papel da icônica boneca da Mattel na adaptação. O mais curioso é que a própria empresa responsável pela criação da personagem lá em 1959 está presente no filme comandado por Greta Gerwig – e tem muito mais em comum com a realidade do que você imagina.
De acordo com a descrição em seu site oficial, a Mattel "é uma empresa líder global em brinquedos e proprietária de um dos portfólios mais fortes de franquias de entretenimento infantil e familiar do mundo", o que inclui obviamente a Barbie – boneca criada em 1959.
Barbie é o primeiro filme lançado pela Mattel Films, uma co-produção com a Warner Bros. Pictures, mas nem por isso deixa de criticar e satirizar a empresa, mostrando como ela é uma corporação que visa, acima de tudo, o lucro – sendo autoconsciente com sua própria existência como um produto mercadológico. Isso também está no contraste visual entre as cores vibrantes da Barbielândia e o escritório da Mattel, composto por homens brancos.
Na verdade, esse retrato na adaptação para os cinemas não é diferente da vida real, considerando que a liderança executiva da Mattel é composta majoritariamente por homens brancos, e algumas poucas mulheres. Desta forma, sem nenhuma diversidade nos principais cargos de comando da poderosa empresa. Ynon Kreiz é atualmente o presidente e diretor executivo, enquanto Robbie Brenner é a produtora executiva da Mattel Films.
Presidente da Mattel é satirizado em Barbie com personagem interpretado por Will Ferrell
Uma das principais críticas e sátiras à Mattel acontece pelo personagem de Will Ferrell, que interpreta um CEO da empresa em Barbie e representa toda essa ambição corporativa. Em entrevista à Variety, Ynon Kreiz comentou sobre ser interpretado pelo ator. "Sou um grande fã de Will, desde os dias de Zoolander. Existem tantos elementos de humor e autodepreciação no filme. E nós abraçamos isso. Levamos nossas marcas muito a sério. Levamos muito a sério o que fazemos. Mas não nos levamos muito a sério".
Em entrevista ao Wall Street Journal, Will Ferrell comentou sobre o personagem. "É uma homenagem amorosa à marca e, ao mesmo tempo, não poderia ser mais satírico. Apenas um comentário incrível sobre o patriarcado masculino e as mulheres na sociedade e por que a Barbie é criticada e por que toda garotinha ainda quer brincar com a Barbie".
Margot Robbie sabia que só havia uma maneira de fazer Barbie: "Se a Mattel não tivesse feito essa mudança, eu não teria tentado"A própria Margot Robbie confessou que ficou chocada ao ler o roteiro de Barbie pela ousadia, pensando que eles nunca deixariam um filme como esse sair do papel. Greta Gerwig revelou em entrevista à revista TIME que Richard Dickson, presidente e diretor de operações da Mattel, voou para o set do filme para discutir com ela e Robbie sobre algumas questões e, especialmente, o tom que elas iriam usar em uma sequência.
Se tratando de uma co-produção da Mattel Films, é evidente que a empresa permitiu todas essas sátiras e críticas, já que o importante para a corporação no final das contas é o dinheiro que eles vão conseguir com o filme e com a venda de ainda mais brinquedos. Principalmente que o sucesso de Barbie será fundamental para a continuidade dos planos da Mattel em estabelecer todo um universo cinematográfico com seus brinquedos.