Os cinemas de todo o Brasil estão sendo tomados por sessões de Barbie e Oppenheimer a partir desta quinta-feira (20). As principais estreias comerciais da semana têm levado um grandioso número de pessoas às salas escuras em um momento importante para a indústria cinematográfica. No entanto, estes não são os lançamentos mais disruptivos da temporada, já que Fogo Fátuo também entrou em cartaz no período.
O novo longa do cineasta João Pedro Rodrigues estreia em solo brasileiro com distribuição da Vitrine Filmes. Com uma proposta nova à filmografia do diretor português, conhecido pelos intensos O Ornitólogo e O Fantasma, o longa chega com a proposta levemente distópica, em um musical homoerótico completamente instigante.
Para ver hoje na MUBI: O suspense erótico que elevou a carreira de Sharon Stone – mas também virou um fardo em sua vidaExibido no Festival de Cannes e vencedor do prêmio de direção no Festival Internacional de Bruxelas, Fogo Fátuo se passa no futuro, em que, no seu leito de morte, um rei se lembra da própria juventude, quando aspirava a ser um bombeiro. Ao conhecer seu instrutor, um novo sentimento surge na vida dos dois, os transformando para sempre.
Recheada de referências ácidas ao histórico problemático do próprio país e artifícios naturais a musicais, o filme se estabelece como uma narrativa bem-humorada, que desafia diversas convenções do cinema tradicional para contar uma história fluida. Apesar de se afastar de outras obras do diretor, sua assinatura ousada segue toda a trajetória do protagonista.
Curta gay com Pedro Pascal tem cena de nudez do ator e é “cheio de momentos eróticos”, revela diretor“Eu queria muito fazer uma comédia”, disse o diretor. “É o gênero mais difícil de se fazer, e é um gênero pelo qual sou muito atraído. Fogo Fátuo é uma comédia e um musical, mas, para mim, a descrição que mais acurada é uma fantasia, pois o filme está muito próximo de um devaneio. O longa toca em temas muito concretos, da mesma forma que começa como uma ficção-científica, já que se passa em 2069. É isso que faz a minha abordagem da comédia algo meio excêntrico.”
Com apenas 67 minutos, o longa será exibido com o curta brasileiro Fantasma Neon, de Leonardo Martinelli. O registro de 20 minutos acompanha um entregador de aplicativo que sonha em ter uma moto. Disseram a ele que tudo seria como um filme musical.
O projeto foi um dos principais vencedores da área de curtas-metragens brasileiros, com vitórias nas categorias de Melhor Filme, Melhor Direção (Leonardo Martinelli), Melhor Ator (Dennis Pinheiro), Prêmio Canal Brasil de Curtas e Júri da Crítica.
Em entrevista, o cineasta descreveu Fantasma Neon como "um documentário com um viés dramático e de fantasia, mas, ao mesmo tempo, também tem alguns elementos documentais, como os depoimentos no início que são reais". Ele completa: "Usamos o musical como uma plataforma de contraste narrativo, mas também espacial. Como contrastar o cinema mais fantasioso possível, o menos diegético que é a fantasia musical, com as realidades mais duras de extinção de direitos trabalhistas que o Brasil enfrenta hoje.”
Com classificação indicativa de 18 anos, a sessão dupla já está em cartaz.