A lista de grandes produções assinadas por Christopher Nolan é longa e, em 2023, ganha mais um título de peso para compor o arsenal do cineasta. Oppenheimer, que Nolan descreve como seu projeto mais ambicioso até agora, estreia nos cinemas para contar a história do cientista que carrega o título – e, em vida, o fardo – de “pai da bomba atômica”. Este é um dos poucos filmes de Nolan tão ancorado na realidade, mas, ainda assim, o diretor revela uma “ponte” com outra obra da ficção.
Há três anos, Tenet chegava aos cinemas com um lançamento conturbado em meio à pandemia. O longa, no entanto, tem uma ligação com Oppenheimer, foi o que contou o próprio diretor em entrevista ao AdoroCinema. Christopher Nolan relembrou a referência, lá em 2020, ao novo filme estrelado por Cillian Murphy.
Em Tenet, há uma citação ao Projeto Manhattan e Prya (Dimple Kapadia) diz ao protagonista (John David Washington) que, nos primeiros testes para a criação da bomba atômica, Oppenheimer temia que a explosão pudesse causar uma reação em cadeia que engolisse o mundo inteiro.
A filosofia que une Tenet e Oppenheimer
A conexão entre as duas obras está em uma questão filosófica importante para as duas. “Em Tenet, a referência a Oppenheimer está lá como uma analogia, mas eu meio que percebi, fazendo esse filme [Oppenheimer], que Tenet é muito sobre a noção de que você não pode ‘desinventar’ alguma coisa. Se houvesse um jeito de voltar no tempo e não inventar a bomba atômica… Mas não há, infelizmente”, reflete o diretor.
Esta mesma questão, segundo Nolan, é que torna a história de J. Robert Oppenheimer tão importante de ser contada – o cientista é, para ele, uma das pessoas mais importantes que já viveram. “Essa a importância da história dele e é por isso que ele é uma figura tão importante. Porque suas ações mudaram o mundo para sempre e nunca será possível voltar atrás”, explica ao AdoroCinema.
“Uma das histórias mais dramáticas que já vi"
O filme de Christopher Nolan é adaptado do premiado livro American Prometheus, publicado em 2005, pelos autores Kai Bird e Martin J. Sherwin. A história impactou profundamente o cineasta – um efeito que só se tornou ainda maior durante o desenvolvimento do longa.
“Foi realmente um aprendizado para mim. Quer dizer, eu sabia sobre Oppenheimer, mas aprendi muito e descobri que é uma das histórias mais dramáticas que já encontrei. Uma vez que você realmente começa a entender por que ele fez as coisas que fez... O objetivo do filme é colocar você na mente dele, para que entenda as situações que ele enfrentava e, para mim, é isso o que dá força e emoção. Não havia respostas fáceis”, diz.
Por fim, se por um lado, Tenet explora o conceito de voltar no tempo (ainda que com as muitas curvas no caminho), Oppenheimer é uma obra que convida seu espectador a olhar para frente e, ao nos mostrar como são tomadas decisões que mudam o rumo da humanidade, deixa claro: “é um filme sobre consequências”, pontua o diretor.