Em alguns casos, o corte do diretor é superior ao que o filme originalmente ofereceu na versão cinematográfica. Em outros, não passa de um monte de remendos em formatos diferentes e com qualidade de imagem ruim, que só conseguem tornar a experiência mais longa (até pesada). Mas, às vezes, são verdadeiros eventos cinematográficos recebidos com curiosidade e entusiasmo. Vamos rever alguns dos casos mais lembrados e peculiares de remakes de filmes com muito a dizer. Afinal, isso já acontecia bem antes da Liga da Justiça de Zack Snyder...
Quanto mais Keanu Reeves, melhor! John Wick 4 terá nova versão com mais de 3 horas de duraçãoApocalypse Now
American Zoetrope
Não é a primeira vez que Francis Ford Coppola apresenta um remake de um de seus filmes. Cotton Club ou Vidas Sem Rumo já surgiram feito antes. Ou o próprio Apocalypse Now. Até seus patronos foram alterados ao longo do tempo, tanto cronológica quanto individualmente, com O Poderoso Chefão de Mario Puzo – Desfecho, de 2020.
De uma cópia de 5 horas e 30 minutos sobre um ataque de helicóptero à sua versão mais recente e, ao que parece, definitiva, a odisseia de guerra estrelada por Martin Sheen parece ter encontrado seu corte final. Feito em 2019 para a celebração do seu 40º aniversário, cortando 20 minutos do anterior “Redux” e oferecendo, nas suas próprias palavras, o melhor filme possível.
O Portal do Paraíso
Partisan Productions
Um orçamento ultrapassado quatro vezes, uma filmagem tom de pesadelo, um corte final muito mais longo do que o combinado. O faroeste épico de Michael Cimino exigiu 220 horas de filme, 100 tomadas por cena e só despertou o desprezo da crítica e do público quando foi lançado em 1980. Arrecadação de três milhões para um filme de mais de 40 milhões de dólares. A ruína que custou aos realizadores de Hollywood a sua independência criativa demorou mais de 30 anos para dar a sua verdadeira dimensão, com um acréscimo de 70 minutos que se perderam na sua exibição cinematográfica e que felizmente já estão à disposição de todos os fãs.
O Troco
Paramount Pictures
Depois desses dois gigantes iniciais, vamos acalmar com uma daquelas pérolas incompreendidas que serviram de ponte entre duas décadas e ofereceram um corte alternativo que o transformou em outro filme completamente diferente. Eles não tinham apenas dez minutos de diferença. A película de Brian Helgeland finalmente conseguiu oferecer seu conto noir tosco e cru (mas sempre engraçado) com uma versão muito menos comercial do que foi vista nos cinemas. Um caso muito curioso de como um longa pode ser muito bom com dois cortes tão diferentes. E o melhor é o do diretor.
Waterworld - O Segredo das Águas
Universal Pictures
Até três montagens diferentes aparecem no blu-ray lançado há alguns anos. De 135 a 177 minutos (no corte de Ulisses) para saborear o salitre pós-apocalíptico épico dos Kevins. A última parceria entre Kevin Reynolds e Kevin Costner foi menosprezado por anos. O tempo tem colocado Waterworld no lugar que merece, o de um excelente exercício de ficção científica, com mensagem e situações delirantes.
O Exorcista III
Morgan Creek Entertainment
Um corte mais curto do diretor, mas mais arriscado. William Peter Blatty, autor do romance original e diretor desta terceira parte, suou sangue para que sua visão desta Legião fosse o filme que ele tinha em mente. Para isso, anos depois, conseguiu reconstruir e reduzir as demandas do estudo e oferecer algo mais próximo de sua visão. É difícil avaliar esta versão, pois é construída com materiais diretamente de um VHS. Mas estamos diante de uma reinvenção muito interessante do filme que deve ser revisitado.
A Pequena Loja dos Horrores
The Geffen Company
Ninguém estava preparado para o final brutal arquitetado por Frank Oz e Howard Ashman. Talvez o último grande clássico musical de Hollywood, um filme inigualável cheio de magia, escuridão e, na versão do diretor, um fechamento que deixa qualquer um no chinelo. Um grande elenco, canções absolutamente perfeitas e a magia de Oz, o eterno colega de Jim Henson por trás de um dos monstros mais floridos que podemos lembrar. Um filme perfeito.
Liga da Justiça de Zack Snyder
Warner Bros.
Desde que sua chegada à plataforma HBO Max foi confirmada, chegaram a pensar que haveria algo mais digno de Zack Snyder aqui. Afinal, desde o estrondoso e eterno último suspiro do homem de aço que ocupa seus créditos de abertura virais (pelos motivos errados), sabia que seria longo.
Os minutos sobraram. Falta uma história e um pouco de amor próprio. Mas sua versão mais acinzentada é realmente magnética. Uma vitória para um cineasta rejeitado.
Doutor Sono
Warner Bros.
Meia hora a mais que a montagem cinematográfica é o que encontramos na edição de Mike Flanagan de um filme que estava fadado a decepcionar grande parte de seu público-alvo. Não importa o respeito e a delicadeza com que o diretor abordou a obra-prima de Stanley Kubrick. Para conseguir essa continuidade, Flanagan teve acesso aos arquivos pessoais de Kubrick graças à colaboração de seus herdeiros. "Pude acessar as plantas do Overlook de Kubrick, cheias de anotações manuscritas. Acho que foi um dos momentos mais fascinantes da minha carreira como cineasta." Honestamente, acredita-se que a história é mais emocionante do que o próprio filme.
Cyborg - O Dragão do Futuro
Cannon Entertainment
A produtora Cannon fez uma exibição de teste do corte original de Cyborg - O Dragão do Futuro e, de 100 pessoas na sala, apenas uma deu ao filme uma classificação favorável. Além disso, houve muitas risadas durante a luta final. Alguns dias depois, sua estrela voltou da Tailândia, onde havia acabado de filmar Kickboxer - O Desafio do Dragão. Ele assistiu ao longa e concordou com a avaliação do público, se ofereceu para regrava-lo o filme gratuitamente. Tenha cuidado, Van Damme também editaria o grande O Alvo de John Woo.
Era uma Vez na América
Warner Bros.
Um filme que passou por quase tantos cortes quanto Blade Runner, O Caçador de Androides. A obra de Sergio Leone foi lançada pela primeira vez nos Estados Unidos em 1984 em uma versão horrivelmente mutilada de 139 minutos, que esqueceu a linha do tempo de Leone - e com ela, sumiu muito do impacto emocional da história. Embora a edição original do diretor tenha, supostamente, 269 minutos, o melhor corte disponível é o de 2012, que chega a 251 minutos. Martin Scorsese está tentando conseguir as cenas finais que faltam para uma eventual versão autorizada e completa.
Raça das Trevas
Morgan Creek Entertainment
Mais 18 minutos no corte da adaptação de Clive Barker de seu próprio romance. Um dos filmes mais inclassificáveis dos anos 90 tem até uma famosa montagem com mais de duas horas e meia, o Cabal Cut. Mas é preciso levar em conta que é uma versão cheia de workprints e planos inéditos que preenchem seus 145 minutos, embora haja outra versão estendida de três horas que só consegue saturar o maior fã. Uma joia imperfeita, seja qual for a versão que você escolher.
Agonia e Glória
Lorimar Productions
Provavelmente nunca veremos o corte original de quatro horas entregue por Samuel Fuller, mas o crítico Richard Schickel e o diretor Peter Bogdanovich supervisionaram a criação da reconstrução do filme, que usou imagens retiradas de um cofre da Warner Bros e do próprio Fuller. A versão resultante é uma visão incrivelmente pessoal da guerra, que compensou seu orçamento curto com um poderoso realismo emocional com quase uma hora a mais de duração.
A Marca da Maldade
Universal Pictures
Orson Welles foi praticamente banido da sala de edição pela Universal. Em resposta ao corte que acabou sendo mostrado a ele, o cineasta divulgou um texto de 58 páginas descrevendo as mudanças que considerava necessárias para concretizar sua visão, e foi ignorado. No entanto, quatro décadas depois, a edição do lendário Walter Murch, usando as anotações de Welles e trabalhando a partir de uma cópia de 108 minutos descoberta nos arquivos da Universal, retrabalhou o filme e o lançou em 1998 como o que é agora considerado a versão final.