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    Uma das cenas mais eróticas do cinema quase fez com que um filme fosse proibido em diversos países - mas ele acabou aplaudido
    Rafael Felizardo
    Rafael Felizardo
    -Redator | Crítico
    Sonhador desde pequeno e apaixonado por cinema de A a Z, encontrou em David Lynch um modo de sonhar acordado.

    Conheça as polêmicas de Crash - Estranhos Prazeres, uma obra peculiar de David Cronenberg.

    Alliance Communications

    Uma adaptação de um livro que já estava destinada a causar escândalo, mas ao ser levada às grandes telas gerou ainda mais polêmica. Festivais como Cannes se dividiram entre considerá-la uma obra-prima ou uma provocação obscena. Sem sombra de dúvida, as definições controversas para Crash, um dos filmes mais aclamados de David Cronenberg, são muitas.

    Crash - No Limite
    Crash - No Limite
    Data de lançamento 28 de outubro de 2005 | 1h 47min
    Criador(es): Paul Haggis
    Com Sandra Bullock, Don Cheadle, Matt Dillon
    Usuários
    4,3

    Mestre do desconforto, Cronenberg levou aos cinemas, em 1996, um filme para maiores de idade que chegou a ser proibido em alguns países, incluindo o Reino Unido. Na trama, um produtor de cinema (James Spader) e sua esposa (Deborah Kara Unger) estão em um casamento aberto. O casal se envolve em diversos casos amorosos, mas, entre eles, o sexo é sem entusiasmo. Certa noite, enquanto retorna para casa, o rapaz sofre um acidente de carro. A partir desse momento, tudo muda, quando uma forte relação entre ele e uma das vítimas (Holly Hunter) do desastre se estabelece.

    Podemos dizer que Crash impressiona em sua forma de vincular sexo e violência, criando uma bagunça singular que só Cronenberg conseguiria comandar. Em seu desenvolvimento, cenas eróticas carregadas de imagens explícitas regem o tom, apresentando todo o tipo de prática sexual. Através da exploração de uma comunidade que tem fetiche sexual por acidentes de carros, chega-se a uma das cenas vitais para a censura sofrida pelo longa, onde o personagem de Spader faz sexo com a cicatriz de uma mulher deficiente que também compartilha da mesma parafilia.

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    FILME FOI PROIBIDO EM ALGUNS LUGARES DO REINO UNIDO

    Um dos primeiros espectadores do filme foi o crítico britânico Christopher Tookey, que argumentou que a cena citada era ofensiva para pessoas com deficiência. Ele acusou Cronenberg de usar linguagem desagradável para o grupo em questão, abusando também de um "fetichismo ortopédico". Conforme registrado pelo British Film Institute, a mídia britânica, na época, montou campanhas para proibir o lançamento do filme no Reino Unido.

    Apesar de não atingir a censura total, o movimento atrasou a estreia do longa-metragem em quase um ano. Muitos cinemas se recusaram a exibi-lo, e os que o fizeram contrataram seguranças para impedir a entrada de menores de idade. Extremamente preocupados, no entanto, a mídia falhou completamente em antecipar as reações da comunidade PcD. Uma exibição especial foi organizada para 11 pessoas com deficiência e, embora o longa não tenha sido unanimidade, todos concordaram que a cena era positiva e oferecia uma "representação das pessoas com deficiência como capazes de serem sexualmente atraentes e ativas".

    Intérprete da personagem cicatrizada, a atriz Rosanna Arquette foi aplaudida pelo público da sessão, chamada de “alguém que se recusa a se tornar uma criatura murcha e assexuada após um acidente". Durante uma entrevista, Cronenberg também chegou a comentar:

    "Na verdade, ela é muito orgulhosa e muito forte em sua própria sexualidade e erotismo, e está tentando incorporar seu próprio corpo à sua sexualidade, em vez de tentar encobrir ou fingir que sua deficiência não existe."

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