Há exatos 25 anos, Mulan chegava aos cinemas dos Estados Unidos e logo viraria uma das joias do período conhecido como "Renascimento da Disney", em que o estúdio emplacou um sucesso atrás do outro. Baseado em um antigo poema chinês, o filme conta a história de uma jovem que resolve assumir o lugar do pai idoso no exército quando a China Imperial entra em conflito com os hunos.
Mas você sabia que uma palavra dita no desenho de 1998 por pouco não gerou um problemão para a Casa do Mickey? Foi a primeira vez que uma de suas obras usou o termo "travesti" ("crossdresser", no original), algo que não agradou aos censores americanos. Afinal, o público da Disney sempre foi muito jovem.
Como você pode ver no vídeo abaixo, o comentário foi feito por um dos ancestrais protagonista, durante uma grande discussão sobre quem deveria acompanhar Mulan em sua missão para protegê-la. "Sua bisneta tinha que virar uma travesti", dispara o espírito de uma velhinha rabugenta.
Foi o suficiente para que o longa quase obtivesse a classificação etária PG-13, que exige a companhia de um adulto para menores de 13 anos. Até então, a única animação do estúdio sem classificação livre era O Caldeirão Mágico (1985). No fim, Mulan não teve que mudar sua faixa etária, e a palavra foi mantida.
O que também dificultou a liberação foi o fato de a obra ser a primeira do estúdio a retratar abertamente uma guerra. Mais do que isso, foi a primeira a mostrar, mesmo que implicitamente, vários mortos. Por exemplo, quando Chien-Po entrega o capacete do general ao capitão Li Shang, seu filho; ou então quando Mulan provoca uma avalanche na neve e deixa milhares de hunos soterrados.
Felizmente, nada disso precisou ser cortado ou modificado. Assim, Mulan se tornou uma das mocinhas mais fortes (e disruptivas) do estúdio. Além de se vestir de homem, ela foi a primeira princesa a usar um arco e flecha – jejum posteriormente quebrado por Merida, de Valente (2012) – e a segunda a usar calças depois de Jasmine, de Aladdin (1992).
Mulan caiu nas graças não apenas do público, como da crítica. No site do AdoroCinema, por exemplo, recebeu 4,6 estrelas dos usuários. Já no Rotten Tomatoes, tem 86% de aprovação da imprensa especializada e 85% de aprovação popular. Concorreu ao Oscar de Melhor Trilha Sonora e levou 10 estatuetas – incluindo Melhor Filme – do Annie Awards, premiação dedicada exclusivamente a animações.