Guillermo del Toro é, sem sombras de dúvidas, um dos maiores cineastas da atualidade. Vencedor do Oscar e conhecido por seu olhar único sobre charmosas e obscuras histórias de terror, o diretor esteve no Festival Internacional de Animação de Annecy na última terça-feira (13) para falar sobre sua maior paixão: o mundo das animações.
O realizador já antecipou logo de cara que há apenas alguns filmes live-actions no caminho. “Depois disso, só quero fazer animação. Esse é o plano", revelou ao público. Em sua conversa, o responsável pela encantadora releitura de Pinóquio deixou clara a sua insatisfação com Hollywood.
Frankenstein: Andrew Garfield pode estrelar adaptação de Guillermo del Toro para a NetflixDurante as suas palavras, ele fez o seguinte alerta: “[A indústria cinematográfica] é voltada para triturar m*rda e destruir sua arte”. Apesar de ser um dos maiores nomes da atualidade, ainda enfrenta dificuldades para tocar seus projetos.
“Eles ainda dizem não para mim. Nos últimos dois meses, eles disseram não a cinco dos meus projetos. Assim não sai. Fazer cinema é comer um sanduíche de merda. Sempre tem merda, só que às vezes você ganha um pouco mais de pão. A taxa de produtividade contra seus esforços permanecerá frustrantemente difícil e frustrantemente longa. E você sempre encontrará idiotas. Mas tenha fé nas histórias que você quer contar e espere até que alguém queira comprá-las”, disse ele.
Aranhaverso, Wish e Gato de Botas 2: Semelhanças, diferenças e importância do estilo de animação que encantou o mundoNa trilha dos seus próximos projetos há uma adaptação de O Gigante Enterrado, obra do escritor britânico ganhador do Prêmio Nobel Kazuo Ishiguro. O projeto terá a mesma técnica stop-motion vista no seu último longa. “Acredito que você pode fazer um drama de fantasia adulta com stop-motion e comover as pessoas emocionalmente”, disse del Toro. “Acho que o stop-motion pode ser intravenoso, pode ir direto às suas emoções de uma forma que nenhum outro meio pode.”
Guillermo ainda enalteceu Homem-Aranha: Através do Aranhaverso, Super Marios Bros. e Tartarugas Ninja: Caos Mutante, que estreia em agosto no Brasil. “Os três sucessos estão movimentando as coisas, permitindo um pouco mais de latitude, mas ainda há grandes lutas a serem travadas”, disse ele. “A animação para mim é a forma mais pura de arte e foi sequestrada por um bando de bandidos. Temos que resgatá-lo. [E] acho que podemos colocar um monte de coisas boas no mundo da animação.”
