ATENÇÃO: ESTA MATÉRIA CONTÉM SPOILER!
Só do lado da Disney, A Pequena Sereia começou com o clássico desenho de 1989, ganhou mais dois filmes em 2000 e 2008, neste último ano chegou aos palcos da Broadway para, em 2019, virar um especial de TV ao vivo. Agora, sua versão live-action para as telonas já está entre nós, com Halle Bailey brilhando na pele de Ariel. Mas todas essas adaptações têm uma origem comum: o conto de fadas de Hans Christian Andersen, publicado em 1837.
Para quem não se lembra, o estúdio se aproveitou de várias obras do autor dinamarquês ao longo de sua história, sempre dando, claro, seu toque mágico. Por exemplo, Frozen é livremente inspirado em "A Rainha da Neve" (1844), enquanto um dos segmentos de Fantasia 2000 (1999), "Piano Concerto No. 2", é baseado em "O Soldadinho de Chumbo" (1838).
Quer mais exemplos? Dois curtas animados produzidos pela Disney em épocas totalmente diferentes. O primeiro é O Patinho Feio (1939), adaptado do conto homônimo de 1843. O segundo é A Pequena Vendedora de Fósforos, adaptado do conto de 1845 e lançado em 2006 como bônus na versão Platinum de A Pequena Sereia.
Apesar de tudo isso, a Casa do Mickey nunca fez qualquer menção direta a Andersen em seus projetos. O jejum só foi quebrado no remake de Ariel, que começa citando justamente o célebre escritor. "Mas uma sereia não tem lágrimas e, portanto, ela sofre muito mais": essa é a frase que aparece na tela.
Além do ineditismo, há um detalhe curioso que somente os que já viram o filme vão reconhecer. Chega a ser uma contradição. Na última cena, depois de derrotar Úrsula (Melissa McCarthy) e devolver a coroa ao pai, o rei Tritão (Javier Bardem), a protagonista parte com o príncipe Eric (Jonah Hauer-King) em busca de novas aventuras.
Enquanto se afasta rumo ao navio de seu amado, uma lágrima em seu rosto. Sim, Ariel chora, contrariando o trecho assinado por Andersen que é usado logo na abertura. Ela sofreu um bocado, mas recuperou sua voz e ainda derramou uma lágrima.
Vale lembrar que, no desenho original, Ariel não chora ao se despedir de Tritão. Talvez seja mais coerente com a frase de Andersen ou com o clichê de "felizes para sempre"; no entanto, essa pequena alteração diz muito sobre a profundidade, sobre as novas nuances que Halle deu a sua princesa.
E aí, você já tinha reparado nesse easter egg? Conte o que achou nos comentários!