Antes de ser revelada ao grande público em Pleasantville e continuar sua trajetória ascendente com Segundas Intenções, a comédia Legalmente Loira ou, três anos depois, sua atuação vencedora do Oscar no sólido filme biográfico dedicado ao cantor Johnny Cash com Johnny & June, Reese Witherspoon já estava estourando nas telas em um filme ainda proibido para menores de 16 anos, lançado em 1997: Freeway - Sem Saída.
A trama? Com uma mãe que trabalha como prostituta para custear seu vício em crack e um padrasto que a molesta, Vanessa Lutz (Reese Witherspoon) está longe de ter uma vida de princesa. Depois que seus pais são presos e ela não quer voltar para um lar adotivo, ela decide, como Chapeuzinho Vermelho, ir se juntar à sua avó, que mora em um trailer a algumas centenas de quilômetros de distância. No caminho, ela conhece Bob Wolverton, um psicólogo infantil durante o dia. Mas, acima de tudo, um Lobo Mau durante a noite, um assassino em série, necrófilo e pedófilo. Isso mesmo...
Assinado por Matthew Bright, que desde então caiu no anonimato quase completo, Freeway, um fracasso colossal nas bilheterias, merece uma reavaliação séria. A primeira razão é que Reese Witherspoon está excelente e explode como Vanessa Lutz, que se mostra destemida, engenhosa e dona absoluta de seu destino, mesmo que ele esteja muito comprometido.
E, é claro, para Kiefer Sutherland, que oferece uma composição deliciosa como um lobo psicopata disfarçado de cordeiro para atrair melhor sua presa. Se o Lobo Mau tiver dentes grandes, como é a tradição do conto, Vanessa Lutz se encarregará de arrancar suas presas...
Uma leitura trash e deliciosa do famoso conto, a ser descoberta mesmo assim, especialmente se acrescentarmos um elenco que permanece intacto, entre Amanda Plummer (Pulp Fiction), Brooke Shields, a falecida Brittany Murphy, o eterno Dan Hedaya e Michael T. Weiss, que veio fazer esse filme entre duas temporadas de sua série The Chameleon.
Infelizmente, Freeway não está disponível em nenhum streaming no Brasil. Apesar disso, até onde sabemos, o filme circulou consideravelmente na época do VHS e DVD. Deve-se ressaltar que o diretor fez uma sequência falsa dois anos depois, lançada em direto em vídeo, que é, acima de tudo, uma outra recontagem trash do conto de João e Maria.