Guy Pearce se envolveu em uma polêmica esta semana. Na segunda-feira (29), o ator, conhecido por trabalhos como Amnésia e Los Angeles: Cidade Proibida, fez uma publicação no Twitter questionando se pessoas trans deveriam interpretar apenas personagens trans.
"Uma pergunta — se as únicas pessoas que podem interpretar personagens trans são pessoas trans, então também estamos sugerindo que as únicas pessoas que pessoas trans podem interpretar são personagens trans?” Pearce escreveu. “Certamente isso limitará sua carreira como ator? O objetivo de um ator não é ser capaz de interpretar qualquer pessoa fora do seu próprio mundo?"
Pose, Sense8 e outras produções com protagonismo trans para assistir na NetflixAs respostas recebidas em seu tweet inicial criticaram a posição de privilégio do ator, que é um homem hétero e cisgênero (pessoa em conformidade com o gênero que lhe foi atribuído desde o nascimento). Após excluir a publicação inicial, Pierce escreveu uma carta de desculpas.
O ator lamentou ter direcionado a culpa para "um grupo minoritário em particular", principalmente por entender que é um artista "cheio de privilégios". De acordo com seu relato, ele passou quase 30 anos sendo questionado por seu papel em Priscilla, a Rainha do Deserto, filme de 1994 em que interpretou a drag queen Felicia.
Eu levantei a questão porque, há 30 anos, muitas pessoas me perguntam desde que fiz Priscilla, a Rainha do Deserto: “Você não acha que os gays deveriam ter desempenhado esses papéis?” e agora muitas discussões semelhantes estão ocorrendo sobre atores trans e papéis trans. Isso me levou a refletir ainda mais sobre atuar como uma forma de arte e seu lugar no mundo.
Ainda na carta, o ator afirmou que a intenção de sua publicação anterior era fazer com que houvesse uma reflexão sobre os limites da imaginação de um ator. "Não acredito que os artistas devam anunciar sua identidade pessoal, preferência sexual, posição política, deficiência, crenças religiosas, etc., para conseguir trabalho".
Acredito que sugerir que ‘atuar’ só pode vir de nossa própria experiência vivida aniquila nossa imaginação. Eu não gostaria que essa restrição fosse imposta a um ator minoritário ou a qualquer outro ator, inclusive eu.
"Jogar o assunto para um grupo minoritário em particular era desnecessário, especialmente vindo de um homem como eu, com uma “casa cheia” de privilégio. Não estou em posição de reclamar de justiça, pelo menos não em meu próprio nome", disse o ator, concluindo a carta pedindo desculpas mais uma vez por direcionar seu questionamento à comunidade trans.