Assim como já acontece em shows musicais, peças de teatro e eventos esportivos, os lugares mais privilegiados das salas de cinema também podem passar a custar mais caro – ao menos é o que defende o executivo Adam Aron, chefão da maior rede de cinemas do mundo, a AMC, sediada nos Estados Unidos. Com uma nova política batizada de “Sightline”, o CEO defende a implementação de diferentes faixas de preço para as poltronas dentro de uma mesma sessão.
Em entrevista ao Deadline, Adam Aron afirmou que esta nova estratégia é resultado do aumento de custos generalizado causado pela inflação e que ela até “ajudaria” a segurar um pouco essa subida, uma vez que só alguns assentos passariam a custar mais.
“Antes dessa política, se quiséssemos aumentar o preço em um cinema, a única alternativa seria aumentar o preço de todos os assentos. Com a Sightline, se sentíssemos a necessidade de aumentar os preços, poderíamos aumentar apenas nos assentos mais populares da sala e segurar o valor dos outros. Então, seria uma maneira de aumentar o preço agora, mas prevenir aumentos no futuro”, disse.
Assim como os setores do teatro ou as pistas em shows, os lugares com melhor visão da tela custariam mais caro nesse novo modelo, que, por enquanto, foi dividido em três faixas de preço. Para identificar as poltronas mais procuradas pelo público, a AMC tem feito estudos em grandes lançamentos.
“Estou olhando para os ‘mapas de calor’, isto é, quais assentos são comprados para determinados filmes. E ninguém senta na primeira fileira. Aqui há a possibilidade de que, com desconto no preço [da fileira] lá da frente, possamos expandir o mercado para consumidores com menor poder aquisitivo”, disse o executivo, que planeja estudar a reação do público a esse novo modelo antes de implementá-lo massivamente.
Bem, as reações têm se dividido. No Twitter, o ator Elijah Wood – o Frodo, de O Senhor dos Anéis – se manifestou contra essa nova política. “O cinema é e sempre foi um espaço democrático sagrado para todos e esta nova iniciativa da AMC essencialmente penalizaria as pessoas por renda mais baixa e recompensaria por renda mais alta”, escreveu.
Nas respostas ao tweet do ator, o debate foi fervoroso. Enquanto algumas pessoas defenderam que essa estratégia não é novidade, comparando com ingressos para shows e peças da Broadway, outros perfis da rede se opuseram: “Isso vai fazer as pessoas decidirem ficar em casa com mais frequência do que ir ao cinema”, escreveu um usuário.