O terror nacional continua cada vez mais fortalecido e prova disso é o lançamento do filme Medusa, produção que está em exibição nos cinemas brasileiros e se trata do novo (e aclamado) trabalho de Anita Rocha da Silveira na direção. Sua história apresenta reflexões importantes e atuais sobre a ascensão do conservadorismo e como isso afeta as mulheres.
Medusa fez bastante sucesso em festivais de cinema renomados, tanto dentro quanto fora do Brasil. O filme esteve na Quinzena dos Realizadores do Festival de Cannes e também no Festival Internacional de Cinema de Toronto, além de ter recebido diversos prêmios que incluem o Festival do Rio – como principal vencedor da Première Brasil, saindo vitorioso como Melhor Filme, Melhor Direção e Melhor Atriz Coadjuvante para Lara Tremouroux.
Qual é a história de Medusa? Conheça o filme de terror nacional
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Em Medusa, Mariana (Mari Oliveira) pertence a um mundo onde deve manter a aparência de ser uma mulher perfeita. Para não cair em tentação, ela e suas amigas se esforçam ao máximo para controlar tudo e todas à sua volta. Quando chega a noite, elas formam uma gangue e, usando máscaras, caçam e punem aquelas que se desviaram do caminho correto. Porém, dentro do grupo, a vontade de gritar fica a cada dia mais forte.
Como o próprio título do filme deixa claro, a trama faz analogia ao mito da Medusa. Na mitologia grega, ela era uma das mais lindas sacerdotisas do templo de Atena (considerada a deusa virgem). Um dia, após ter relações sexuais com Poseidon, foi punida pela deusa, com seu cabelo transformado em serpentes e seu rosto desfigurado – qualquer um que olhasse para ela seria transformado em pedra. Desta forma, Medusa teve sua sexualidade reprimida e foi punida por isso, o que se relaciona diretamente com as temáticas do filme.
Medusa é um retrato bastante atual e necessário sobre a ascensão do conservadorismo no Brasil e como isso afetou a liberdade feminina pela preservação da "moral e bons costumes" no comportamento das mulheres. A diretora Anita Rocha da Silveira, responsável também pelo filme Mate-Me Por Favor (2015), tem um olhar bastante incisivo sobre como qualquer exposição de sexualidade e desejo feminino é reprimido sistematicamente com preceitos políticos conservadores, da religião e do patriarcado.
No filme, isso é mostrado especialmente pela apresentação do grupo Preciosas do Altar, formado por mulheres com a intenção de se manterem fiéis aos preceitos estabelecidos pela Igreja e que punem as outras que elas consideram pecadoras. No final das contas, Medusa mostra o cerceamento da liberdade e violência sofrida pelas mulheres, que precisam seguir um determinado padrão de comportamento social para sobreviverem.
Em entrevista à Variety, Anita Rocha da Silveira explicou como Medusa é grito das mulheres. “Para mim, representa liberar essa raiva que as mulheres deixaram de lado por anos, por gerações", disse a diretora. "Comecei a pensar em como o machismo, como o sexismo é injetado na estrutura da nossa sociedade... Ainda hoje podemos encontrar mulheres tentando controlar outras mulheres. Às vezes podemos ser rotuladas como histéricas, como loucas com muita facilidade. Temos que controlar nossos corpos, o que comemos mais do que os homens. A sexualidade da mulher é muito mais controlada do que a do homem. Sua perda de virgindade é examinada. O tema principal de Medusa para mim é o controle e a falta de controle, podendo perder o controle", completa.
Medusa está em exibição nos cinemas brasileiros, com Mari Oliveira, Lara Tremouroux, Joana Medeiros, Felipe Frazão, Thiago Fragoso e Bruna Linzmeyer no elenco.
