Na noite de ontem (12), Michelle Yeoh levou o tão sonhado Oscar de Melhor Atriz por seu papel em Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo. Não foi exatamente uma surpresa, já que a atriz nascida na Malásia era favorita ao lado de Cate Blanchett (Tár), mas foi um marco para a história não só da Academia, como do cinema. Michelle se tornou a primeira mulher asiática a vencer a categoria, com um currículo que inclui vários filmes de ação e artes marciais – raramente lembrados pela premiação.
Um de seus grandes filmes faz justamente parte desses gêneros que não costumam encontrar muito coro na Academia: a ficção científica. Lançado em 2007, Sunshine é uma daquelas joias pouco conhecidas, que, apesar de mergulhar na já bastante explorada temática espacial, o faz de uma maneira ambiciosa e espetacular, refletindo sobre a condição humana.
Dirigido por Danny Boyle (Trainspotting) e com roteiro de Alex Garland (Ex Machina), o longa-metragem junte Yeoh a um time de peso: Cillian Murphy, o eterno Tommy Shelby de Peaky Blinders; Chris Evans, o Capitão América do Universo Cinematográfico Marvel (UCM, ou MCU em inglês); e Rose Byrne, que também está no MCU graças ao papel de Moira MacTaggert em X-Men: Primeira Classe.
A trama se passa no ano de 2057. O Sol está morrendo, e a humanidade está desaparecendo com ele. A última esperança para evitar o fim é a nave espacial Icarus II, que transporta uma tripulação de oito pessoas e uma bomba atômica do tamanho de Manhattan. Sua missão? Alimentar uma nova vida dentro do Sol. Porém, durante a viagem e sem contato com a Terra, eles descobrem um sinal de S.O.S. da Icarus I, a nave enviada sete anos antes com o mesmo objetivo e cuja causa do fracasso é desconhecida.
O grupo fica dividido entre alterar a trajetória e assim obter a bomba existente na Icarus I, aumentando as chances de sucesso, ou seguir o plano original. A decisão recai sobre o físico Capa (Murphy), que opta por ir à outra nave. Não demora para que a mudança de rumo se revele uma má ideia.
Boyle se reuniu com Garland depois de coassinar o filme de terror pós-apocalíptico Extermínio (2003), também estrelado por Murphy. Eles trocaram a Londres cheia de zumbis pela órbita do Sol, resgatando inúmeras influências que vão desde 2001: Uma Odisséia no Espaço (1968) até Solaris (1972).
Este último ganhou um remake em 2002, com George Clooney, Natascha McElhone e Viola Davis. O mau desempenho, entretanto, deixou os executivos da Fox em dúvida quanto a Sunshine. No fim, resolveram apostar no projeto por meio de seu estúdio especializado, a Fox Searchlight.
SUNSHINE: FICÇÃO CIENTÍFICA INTELIGENTE E GRANDIOSA
O elenco é formado por cientistas de nacionalidade americana e chinesa, já que os cineastas imaginaram que esses países seriam os mais desenvolvidos economicamente no futuro e teriam programas espaciais de elite. Para que os atores entrassem em seus personagens, Boyle propôs um método que consistia em mergulhar totalmente na sensação claustrofóbica de estar em uma nave no espaço sideral e se preparar para um final potencialmente mortal.
O filme é uma daquelas obras de ficção científica inteligente, com ideias que são desenvolvidas pelos personagens sobre as reações humanas ao apocalipse e a um problema sério como o aquecimento global. A forte personalidade visual de Boyle acaba por levantar uma proposta extraordinária, que não teve o sucesso comercial que talvez merecesse.
Se você está procurando algo de Michelle Yeoh para conhecer melhor seu trabalho, Sunshine é uma ótima dica e está disponível do catálogo do Star+.