Neste domingo, dia 12 de março, a primeira mulher asiática pode levar para casa um Oscar de Melhor Atriz. Você sabe de quem estamos falando: Michelle Yeoh, estrela de Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo. São 40 anos de carreira, mas só agora o mundo se deu conta de seu talento imenso – que, como já foi revelado, inclui fazer suas próprias cenas de ação, altamente arriscadas, sem dublê. Se a fama veio "tardiamente", Hollywood leva uma boa parte da culpa, não tendo sido nada gentil com a atriz.
Em entrevista à revista People, Yeoh, que é natural da Malásia, relembrou seus primeiros passos na indústria americana, um período que ela descreve como complicado e durante o qual se viu muitas vezes alvo de preconceitos. "Naquela época, as pessoas do meio não sabiam a diferença. Não sabiam se eu era chinesa, japonesa ou coreana, ou mesmo se eu falava inglês. Elas falavam comigo muito alto e muito devagar", disparou ela.
Foi essa a realidade que encontrou ao desembarcar em Hollywood, em 1997, aos 35 anos. Já conhecida do público asiático desde meados dos anos 80, por sua performance em longas de ação e artes marciais, Yeoh foi escalada como par de Pierce Brosnan em 007 - O Amanhã Nunca Morre. Na época, o ator ficou impressionado, descrevendo-a como uma "atriz maravilhosa", "séria e comprometida com seu trabalho". Ele ainda se referiu a ela como uma "James Bond feminina", devido às suas habilidades de combate.
No entanto, como Yeoh admitiu à People, os anos que se seguiram ao filme de James Bond não foram fáceis: "Não trabalhei por quase dois anos, até O Tigre e o Dragão, simplesmente porque não conseguia aceitar os papéis estereotipados que me eram oferecidos."
De fato, O Tigre e o Dragão foi um divisor de águas para Yeoh. Sucesso internacional com 10 indicações ao Oscar, a produção de Ang Lee era toda falada em mandarim, mas nem a atriz nem seu colega de elenco Chow Yun-fat sabiam o idioma. Ela teve que decorar suas falas foneticamente, isto é, baseando-se no som. Por sua atuação, Yeoh foi indicada ao BAFTA.
Pouco a pouco, ela conseguiu papéis importantes em outras produções de peso. Pudemos vê-la, por exemplo, em Memórias de uma Gueixa (2005) e A Múmia - Tumba do Imperador Dragão (2008). Este último era protagonizado por Brendan Fraser, que concorre atualmente ao Oscar de Melhor Ator por A Baleia.
Yeoh também se destacou em Além da Liberdade (2011), Podres de Ricos (2018) e Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis (2021). Recentemente, foi anunciada sua escalação como Madame Morrible na adaptação cinematográfica do musical Wicked, que traz Ariana Grande como Glinda, Cynthia Erivo como Elphaba e Jonathan Bailey como Fiyero.
Diretor de Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo critica racismo em Hollywood: “Gritavam absurdos no set”Mais do que o desafio de cantar, é um sinal de mudança para Yeoh e tantas outras e outros historicamente sub-representados em Hollywood. "No passado, esse papel iria para uma senhora caucasiana", apontou Yeoh na entrevista. "Isso é o que chamamos de diversidade, inclusão. É assim que você faz funcionar. É um processo natural, um progresso, uma evolução que podemos ter enquanto contadores de histórias."
Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo recebeu 11 indicações ao Oscar: Melhor Filme, Melhor Diretor (Daniel Kwan e Daniel Scheinert, os Daniels), Melhor Atriz (Yeoh), Melhor Ator Coadjuvante (Ke Huy Quan), duas a Melhor Atriz Coadjuvante (Jamie Lee Curtis e Stephanie Hsu), Melhor Roteiro Original, entre outras.