Faltam poucos dias para a realização do Oscar 2023. Com a proximidade da cerimônia mais importante de Hollywood, é chegado o momento de analisar mais uma vez as indicações do ano.
Em sua 95ª edição, a representação de pessoas não-brancas nas categorias conta com um importante marco para artistas asiáticos, com nomeações a Michelle Yeoh, Ke Huy Quan, Stephanie Hsu e Daniel Kwan - todos por Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo, Hong Chau, por A Baleia e Domee Shi, por Red - Crescer é uma Fera.
Apesar dos recordes de diversidade nesse quesito, outros atores não-brancos foram deixados de fora da premiação, como é o caso dos diretores de Saint Omer, Till A Mulher Rei e Não! Não Olhe! - Alice Diop, Gina Prince-Bythewood, Chinonye Chukwu e Jordan Peele, respectivamente. Todos os filmes foram amplamente aclamados em seus lançamentos mundiais, em especial os dois primeiros, que não estiveram tão presentes no circuito comercial brasileiro, mas fizeram bonito nos festivais de cinema mundo afora.
Destas produções, astros como Daniel Kaluuya e Keke Palmer, ambos do último filme da mente por trás de Corra!, também foram esnobados, assim como Lashana Lynch na corrida pelo prêmio de Melhor Atriz Coadjuvante.
Oscar 2022: Por que tantas pessoas brancas são indicadas? Mudanças ainda estão a caminhoEnquanto Halle Berry continua sendo a única mulher negra a ganhar o Oscar de Melhor Atriz, por A Última Ceia, parte da mídia especializada também sentiu falta de Viola Davis e Danielle Deadwyler na categoria deste ano.
Em 2012, a partir de uma análise do The Times, constatou-se que os eleitores da honraria eram quase 94% caucasianos e 77% homens. Há alguns anos, principalmente após os movimentos #OscarSoWhite e #MeToo, a Academia de Ciências e Artes Cinematográficas tem elencado mudanças pró-diversidade, para abranger a pluralidade de profissionais da indústria. Ainda assim, ainda há muito o que mudar na estrutura do evento.
“Podemos comemorar o progresso incremental que está sendo feito, ao mesmo tempo em que olhamos de lado para o fato de que ainda estamos reconhecendo os 'primeiros' em 2023”, escreveu April Reign, precursora do movimento #OscarSoWhite. "Não há nenhuma bala mágica. Mas é evidente que certas organizações ainda não estão dispostas a fazer as mudanças necessárias. Deve-se perguntar por quê.”
Oscar 2023: O filme que reuniu Brendan Fraser e Michelle Yeoh, mas ninguém lembraAnteriormente, a diretora de A Mulher Rei também destacou que esperava que a indústria refletisse o movimento Black Lives Matter de forma mais potente.
"Certamente, para os criativos negros agora, há uma sensação palpável de exaustão. A indústria queria fazer uma mudança em 2020 após a morte de George Floyd. E muitos de nós finalmente pensamos que o desejo era verdadeiro, que os esforços eram reais e que Hollywood queria ser melhor. E, de certa forma, eles queriam ser melhores que a América. 'Vamos mostrar como Hollywood é progressista!' E eles se comprometeram a mudar e lutaram pela inclusão. Mas agora - talvez porque seja difícil lutar com essa culpa por longos períodos de tempo - nós, como cineastas negros, sentimos Hollywood tirando o pé do acelerador. Sentindo: 'Já fizemos o suficiente, terminamos.' E isso é uma coisa difícil."
Gina finaliza: "É difícil saber, para todo cineasta negro e definitivamente toda cineasta negra, que seu trabalho não é valorizado da mesma forma. Este é um problema americano sistêmico, e é por isso que parece tão insidioso e grande", pontua. "Eu quero que nossa indústria seja melhor. O que significa 'para sua consideração' quando você não aperta o play?"
A cerimônia de premiação do Oscar 2023 acontece em 12 de março, no próximo domingo.