De dez indicações à cobiçada estatueta de Melhor Filme no Oscar 2023, apenas um foi dirigido por uma mulher — e o nome desta cineasta, presente no meio de tantos homens, é Sarah Polley, mente por trás de Entre Mulheres. A diretora, além de roteirista do filme em questão, também teve alguns trabalhos como atriz anteriormente, em produções como O Peso da Água (2000) e A Vida Secreta das Palavras (2005).
Seu trabalho mais recente rendeu-lhe não apenas a indicação de Melhor Filme, mas também o de Melhor Roteiro Adaptado, já que o enredo é baseado no livro homônimo da autora Miriam Toews, lançado em 2018. A história é um tanto obscura, mas quase completamente inspirada em fatos reais.
Na trama, um grupo de mulheres menonitas são vítimas de estupro toda noite em suas próprias casas — e os homens da comunidade dizem ser possessão demoníaca porque, segundo eles, essa é a única explicação para que elas acordem doloridas e com sêmen na cama. Temendo pelo próprio futuro e o de suas filhas, elas se reúnem para decidir se vão ficar ou ir embora da colônia.
Na história real, algumas mulheres menonitas continuaram na colônia, enquanto no livro de Miriam Toews isso não era uma opção. Ao AdoroCinema, Sarah Polley disse que, apesar de poder escolher o desfecho fiel à realidade ou o ficcional, decidiu seguir com a obra literária.
"Eu queria permanecer fiel ao livro. Ela deixa muito claro no livro que o que se segue e dizemos no filme o que se segue é um ato da imaginação feminina. Portanto, os eventos de fundo são reais, mas o resto é uma ideia imaginada do que poderia acontecer idealmente nessa situação, não o que realmente aconteceu."
Tema difícil demais para lidar no set
Orion Pictures
O elenco de Entre Mulheres é composto por Rooney Mara, Claire Foy, Jessie Buckley, Frances McDormand, Judith Ivey e Ben Whishaw. Durante todo o processo de gravação, as atrizes — e os poucos atores presentes — contaram com alguns cuidados, devido à temática densa do enredo, incluindo pausas, jornadas de trabalho mais curtas e até a presença de um terapeuta.
Criar um ambiente seguro para as pessoas fazerem seu trabalho foi muito importante. Tivemos dias de trabalho mais curtos do que o normal. Tínhamos um terapeuta no set para as cenas mais difíceis. As pessoas podiam fazer uma pausa quando quisessem e acho que tudo isso ajudou a contribuir para um ambiente de confiança.
Por ter sido um período delicado para o elenco, Sarah Polley tentou garantir que houvessem momentos de sobriedade no set e, até mesmo, em algumas partes do roteiro — que provavelmente vão despertar pequenas e rápidas risadinhas no público, em meio a tantos infortúnios e conversas sobre agressão sexual.
"Acho que foi muito importante para nós rirmos sempre que possível. Com o elenco e durante o processo de ensaio e filmagem e no processo de edição, sempre procuramos aqueles pequenos momentos de humor e alegria que poderíamos extrair", contou.
Entre Mulheres ganhou atenção após indicação ao Oscar
Orion Pictures
Não é novidade para ninguém que uma indicação ao maior prêmio do cinema internacionalmente gera certo interesse do público sobre um filme. Entre Mulheres viu o fenômeno acontecer assim que recebeu a nomeação, chegando a ficar em 14º lugar em bilheteria naquele fim de semana em que a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas liberou a lista de destaques.
Naquele período, a venda de ingressos para o longa-metragem chegou a 1,07 milhões de dólares em 707 cinemas, um aumento de 164%, de acordo com os dados divulgados pela revista Variety. Ao AdoroCinema, Sarah Polley mostrou animação ao ver seu trabalho ganhando um espaço honroso nesta vitrine internacional.
"Fiquei emocionada porque sei que todos que trabalharam neste filme o fizeram com incrível esforço. Essas coisas fazem uma grande diferença na vida de um filme em termos de quantas pessoas o veem e o tipo de vida que ele tem. Foi realmente um grande negócio para todos nós."
Entre Mulheres já está disponível nos cinemas brasileiros.