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    O Milagre: Filme da Netflix é baseado em fatos reais?
    Rafael Felizardo
    Rafael Felizardo
    -Redator | Crítico
    Sonhador desde pequeno e apaixonado por cinema de A a Z, encontrou em David Lynch um modo de sonhar acordado.

    Atualmente no Top 10 dos mais vistos do streaming, The Wonder (no original) conta uma história contextualizada pelas "garotas jejuadoras".

    Você conhece o filme O Milagre? Um dos mais recentes sucessos do catálogo da Netflix, o longa vem conquistando o público e também a crítica, apresentando um enredo de época ambientado na Irlanda de 1862.

    O Milagre
    O Milagre
    Data de lançamento 16 de novembro de 2022 | 1h 48min
    Criador(es): Sebastián Lelio
    Com Niamh Algar, Florence Pugh, David Wilmot
    Usuários
    3,7
    Assistir em streaming

    Na trama, inspirado no fenômeno do século XIX das "garotas em jejum", uma jovem para de comer, mas permanece milagrosamente viva e saudável. Chamando a atenção da população para o suposto milagre, a enfermeira inglesa, Lib Wright, então, é levada a uma pequena vila para observar Anna O'Donnell, de onze anos. Neste thriller psicológico, o grande mistério gira em torno da jovem Anna, que pode estar envolvida em um propósito santo ou em algo mais sinistro do que parece.

    Com direção assinada pelo argentino, Sebastián Lelio, no elenco, nomes como Florence Pugh, Niamh Algar, David Wilmot, Ruth Bradley, Toby Jones, Dermot Crowley e Ciarán Hinds compõem o enredo.

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    O MILAGRE É BASEADO EM FATOS REAIS?

    Netflix

    Apesar de abordar uma história religiosa que poderia muito bem ser verídica, O Milagre não se baseia em fatos reais. O longa adapta o livro de mesmo nome da autora irlandesa, Emma Donoghue, inspirado pelo contexto das “garotas jejuadoras” do século XIX. Na época, casos de anorexia eram tratados como um fenômeno religioso, o que acabou despertando a atenção de Donoghue.

    “O que aconteceu com essas jovens? Algumas foram colocadas sob vigilância e expostas como fraudadoras; algumas foram presas, hospitalizadas, coagidas a comer ou alimentadas à força. Algumas morreram de fome e outras conseguiram viver por muitas décadas, aparentemente sem comida. Em muitos casos, uma garota foi brevemente mencionada em um jornal e depois desapareceu do registro histórico, mantendo seus segredos. Embora conheçamos apenas algumas dezenas dessas jejuadoras, acho fascinante e preocupante que essa fantasia cultural tenha se repetido, século após século: uma garota tão pura que se eleva acima de todas as exigências da carne”, disse a autora em entrevista ao site Pan Macmillan.

    Ela ainda completa:

    “Mesmo quando o foco principal era a religião, parece óbvio que havia uma sobreposição com o que chamamos de anorexia, especialmente porque essas meninas eram elogiadas por sua pureza virginal – por uma estranha capacidade de superar os impulsos do corpo – que ecoa com o que muitas das pessoas que vivem com anorexia dizem: trata-se mais de controle do que de magreza. É possível ver essas meninas como vítimas de uma sociedade obcecada pelo policiamento da feminilidade.”

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